Em 2021, após um ano do início da pandemia, completei 18 anos. Não é todo dia que se atinge a maioridade, então decidi que faria uma festa, para tentar encontrar um pouco de paz no meio de todo aquele caos.

Convidei alguns amigos e familiares e por algum motivo, eu acreditava que ninguém iria. A festa foi marcada para o dia 16 de outubro, um dia após o meu aniversário. 

Cheguei ao salão a tempo de arrumar as guloseimas na mesa, se é meu aniversário, obviamente não podem faltar balas e doces. 

Meus amigos começam a chegar e, lá no fundo, uma sensação de alívio. Enquanto divido minha atenção entre cada ciclo de amizades, sinto uma felicidade genuína após um bom tempo sem saber direito como era isso desde que tomei conhecimento do termo “pandemia”

Ao lado do espaço da festa há uma quadra de grama sintética, então não demora muito para alguém sugerir que  jogássemos um pouco. Antes de começarmos o jogo, tiramos fotos, porque depois, nossa aparência não seria mais a mesma. Todos vêm para as fotos, menos um amigo que se recusa, mas tudo bem… ele é o único ali que só conhece a mim. Formamos dois times e não importa se craques ou pernas de pau, o real significado é o encontro e a diversão: voltamos ao oitavo ano. 

Depois de um tempo jogando, é hora dos parabéns e como de costume, cantam o “com quem será?”.  Eu estou morta de vergonha, o nome escolhido está bem aqui com aqueles olhos verdes. De qualquer forma, eu já esperava isso e ele também. 

Após o parabéns, minha mãe serve o bolo que ela mesmo fez, com um sabor capaz de levar qualquer demônio até o céu. Está um pouco tarde, todos já vão deixando o salão. Eu e minha família somos os últimos a ir embora

Esse dia ficou marcado para mim como um lampejo de luz em meio ao caos de uma pandemia.