Administração tem maior taxa de desistência entre os cursos da UFV

Anualmente, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulga os resultados dos Indicadores de Fluxo da Educação Superior, que são produzidos a partir do Censo da Educação Superior. O censo permite um acompanhamento da trajetória dos estudantes nas universidades, analisando seu ingresso e saída. Dessa forma, os indicadores servem como ferramenta chave para observação das medidas de eficiência, oportunidades e permanência de cada curso. 

A permanência dos estudantes na graduação é um tópico muito mais complexo que seu ingresso, por demandar medidas que evitem a evasão e o abandono, podendo envolver aspectos acadêmicos, financeiros, sociais, psicológicos e institucionais. Porém, com uma análise mais criteriosa dos Indicadores de Trajetória de Curso de Graduação, as instituições podem observar os cursos com mais índice de evasão, investigar seus motivos e aplicar políticas para superar essas peculiaridades.

Em 2022, foram divulgados os dados da trajetória dos alunos nos cursos de graduação naquele ano, e a partir de um afunilamento da tabela, é possível observar as taxas de permanência, conclusão e desistência dos cursos ofertados pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), divididos por área de conhecimento. Com isso, a plataforma Microsoft Power BI, que opera como um serviço de análise de negócios e análise de dados, disponibiliza, através de uma tabela interativa, os indicadores do fluxo dos alunos dos cursos de graduação da UFV, entre o período de 2018 e 2022. A tabela permite que todas as informações sejam consultadas, podendo ser filtradas por curso, ano de ingresso e ano de saída.

Tabela de indicadores de trajetória de curso de graduação da Universidade Federal de Viçosa – Fonte: Inep

Diante dos dados apresentados, durante o período de quatro anos, houveram vinte e um mil ingressantes, 1665 desistentes e 659 concluintes. O ano de 2019 foi o com maior índice de desistências, alcançando 31,59%. Dentre os mais de 60 cursos oferecidos pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), o curso de administração lidera a lista de desistências, seguido pela agronomia, química e física. 

Tabela de indicadores de trajetória de curso dos alunos de administração – Fonte: Inep

Os motivos e desafios que influenciam a trajetória dos alunos na universidade são muitos, assim como a qualidade e relevância dos cursos, podendo atrair ou afastar os alunos, a dificuldade e exigência de cada curso, que impacta diretamente no rendimento e desempenho de cada aluno, bem como sua integração no ambiente acadêmico. Além disso, a assistência e o apoio da universidade são peças chave para permanência dos estudantes, especialmente para os que não possuem condições e recursos para se manter na faculdade.

Marcos Nunes, Secretário Municipal de Educação de Viçosa, MG – Produção: Arquivo pessoal

O secretário municipal de educação de Viçosa, Marcos Nunes, afirma a importância do amparo psicológico em prol da permanência dos estudantes na universidade.

“Isso tem sido uma preocupação para a universidade, de ouvir o estudante, ouvir o que ele está trazendo, quais são seus problemas, né. A universidade identifica que a gente passa por uma mudança de época, o mundo mudou.” – Marcos Nunes

Joana D’Arc Germano Hollerbach – Produção: Thais Cal

A doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e professora adjunta da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Joana D’Arc Germano Hollerbach, comenta sobre a realidade dos campus Rio Paranaíba e Florestal, que sofrem com maiores índices de evasão. A professora ressalta a importância de investigar as motivações para a dificuldade de permanência e desenvolver alternativas que apoiem os alunos a ficarem. 

“Então, a universidade entendendo que recurso público tem que ser bem utilizado, que a formação é algo que não pode ser menosprezada né, é uma oportunidade, principalmente para os estudantes mais pobres”. – Joana D’Arc Germano Hollerbach

A doutoranda menciona a realidade de muitos estudantes, que muitas vezes, precisam abandonar a graduação para se sustentarem. 

“Mas por exemplo a questão da necessidade do trabalho, é algo que acompanha o jovem desde o ensino médio. O nível do índice de compromisso do ensino médio não chega a 60% né, então é uma preocupação e já se sabe que muito dessa desistência é em função da necessidade do trabalho. Isso vem para a universidade também. Então jovens que não se encontram na faixa de atendimento das assistência estudantil mas que não tem condição de ficar aqui, então ele não tem esse benefício e precisa trabalhar em alguns casos.” – Joana D’Arc Germano Hollerbach

Ainda que a Universidade Federal de Viçosa oferece diversos programas de assistência que estimulam a manutenção de estudantes dentro dos cursos, outros fatores podem desestimular a jornada letiva, extensa e, muitas vezes, trabalhosa para os jovens. É o caso, por exemplo, dos efeitos psicológicos que a moradia solitária causa em alunos que precisam se distanciar de suas cidades para buscar estudo.

Diversas são as preocupações que assolam professores e servidores interessados em garantir a graduação e desenvolvimento dos alunos ingressantes nas universidades, no entanto, este esforço deve ser não apenas de políticas públicas mas também da comunidade estudantil e municipal, como responsáveis pela recepção destas pessoas e a transformação da cidade universitária em um lugar de pertencimento e conforto.

Para mais informações sobre os indicadores de fluxo dos alunos dos cursos de graduação da Universidade Federal de Viçosa entre 2018 e 2022, confira na tabela.

https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiZmM0OWNiM2EtZjhhNi00OGMwLWIxMjYtZWZjYTlkZmU1OGMzIiwidCI6IjQ5Y2JmZDU2LWVkNDQtNDQzNS05MTRjLWRmNzg4OWU0NTM5NCJ9

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Reprodução: Prefeitura de Viçosa
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