Mesmo parecendo distante, as relações construídas no comércio internacional afetam nossa economia do dia-a-dia.

Se locomover de um lado da cidade ao outro, comer um lanche na rua no meio do dia, tomar algum medicamento prescrito pelo seu médico, a escolha de uma roupa antes de ir pro trabalho ou escola, o simples ato de ter ou não uma casa. Consegue imaginar o que tudo isso tem em comum? Bem tudo isso envolve a compra de um produto e, consequentemente, movimentação de dinheiro e economia. O que já nos abrange várias outras perguntas.

Você já parou pra pensar sobre economia? Bem, Victor Henrique Lana se interessou tanto pelo tema que se formou em Economia pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e depois conseguiu entrar no programa de pós-graduação em Economia Aplicada da Universidade Federal de Viçosa (UFV), ligado ao Departamento de Economia Rural (DER).

Ao longo do processo de escrita e pesquisa de sua dissertação “Two essays on trade and quality upgrading” (Dois ensaios sobre comércio e atualização de qualidade, em tradução livre), Victor estuda o que pode afetar o comércio entre os países. Dentre diversos fatores que se relacionam com esse assunto, ele optou por estudar a qualidade dos produtos que são comercializados entres os países analisados. Pegando esse viés, ele analisa como que os diferentes níveis de acordo de integração econômica afeta a qualidade dos produtos e como, no Brasil, importar produtos que também são produzidos no país afeta os salários dos trabalhadores daqui.

Mas o que são blocos econômicos?

Podemos definir blocos econômicos como um acordo que visa fortalecer a economia dos países e territórios integrantes. Esse processo busca facilitar desde o comércio de produtos, tornar mais simples a circulação de pessoas entre os países escolhidos e até mesmo a criação de uma moeda única. Com isso, há diferentes níveis de integração com denominações distintas entre si.

Temos, por exemplo, a Área de Livre Comércio que possui como principal característica a redução das taxas alfandegárias. Como o NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), que envolve países como os Estados Unidos, Canadá e México.

Outra categoria é a União Aduaneira que tem a mesma características da Área de Livre Comércio, mas também tem a criação da Tarifa Externa Comum que faz com que todos os integrantes do grupo cobrem a mesma tarifa para produtos que são importados de fora do bloco. Um exemplo disso é o Mercosul, bloco o qual o Brasil se encontra presente junto com a Argentina, Paraguai e Uruguai. Antes a Venezuela pertencia ao grupo, mas diante dos últimos acontecimentos o país foi suspenso.

Mercado Comum, que tem as características dos blocos apresentados anteriormente, com o diferencial de apresentar a livre circulação que pode variar entre produtos, serviços e pessoas, podendo conter também ambos ao mesmo tempo.

Já União Política Monetária adota todas as características apresentadas, porém também utiliza uma moeda única de forma a fortalecer a economia dos participantes.

Como que os diferentes níveis de integração econômica afetam a qualidade dos produtos comercializados?

Vimos na explicação sobre as particularidades e vantagens presentes nas diferentes modalidades de Blocos Econômicos que eles visam fortalecer a economia daqueles que participam e se envolvem nas atividades do mesmo, ou seja, podemos defini-los como um grupo que possui um objetivo em comum (melhorar e fortalecer o comércio) utilizando normas e regimentos para conseguir alcançar isso. Mas o que resultaria na aplicação dessas normas?

De acordo com a hipótese estudada na pesquisa feita por Victor, o alto nível de integração entre os blocos aumentaria a qualidade dos produtos disponíveis para acesso da população. Isso se daria uma vez que, ao importar um produto de alta qualidade que teria um preço similar dos produtos fabricados e comercializados em cada país importador, haveria margem para que o produto estrangeiro conseguisse competir diretamente com o local. No entanto, esse produto só conseguiria ter um preço que fosse de um valor aproximado do nacional, caso houvesse  as vantagens que um acordo do bloco econômico oferece na importação e exportação de itens das nações que integram os grupos econômicos.

Ou seja, um artefato importado e de boa qualidade que chega em um determinado país por um preço similar ao produzido nele, uma vez que as inserções trazidas pelos blocos permitem isso, faria com que o produto nacional tivesse que aumentar a qualidade para que, assim, conseguisse competir, o que poderia ser um benefício para o consumidor.

Mas qual seria o efeito do aumento da qualidade dos produtos importados no Brasil?

Durante a pesquisa estão sendo analisados os mais variados grupos econômicos, como o NAFTA, o Mercôsul, A zona do euro e também a União Europeia.

De acordo com a hipótese, ainda em andamento, ao estimular a importação de produtos, que também são produzidos no Brasil, de forma que o acesso à eles seja acessível e equivalente economicamente com os itens elaborados em solo nacional ocorreria o incentivo a contratação de mão de obra mais especializada, com a finalidade de melhorar o que fosse produzido  aqui. Ou uma capacitação dos trabalhadores já empregados. O que consequentemente poderia resultar no aumento do salário dos funcionários.

Porém, durante a entrevista com o pesquisador foi levantada a suposição de que se isso não poderia ter um efeito positivo, mas ao contrário, uma vez que as firmas poderiam não aguentar o nível da competição já que elas, talvez, não conseguissem aplicar a melhorias nos processos de produção.

E então? Qual é o Resultado?

Como foi dito ao longo da matéria, a pesquisa de Victor Henrique Lana Pinto ainda está em andamento e não se tem uma conclusões. Mas podemos torcer para que tudo ocorra bem nesse processo e que essa pesquisa consiga trazer inúmeros benefícios para nossa sociedade como a melhora de políticas públicas na área do comércio exterior e uma participação menos tímida do Brasil em Blocos Econômicos, como foi citado pelo mestrando.