A Universidade Federal de Viçosa é uma grande instituição de ensino que, anualmente, produz dezenas de projetos científicos que são nacionalmente premiados, entretanto, essa ciência produzida na UFV, dificilmente atinge a comunidade de Viçosa, ficando restrita – na maioria das vezes – dentro do ambiente acadêmico. Visando quebrar essa barreira e levar a ciência produzida dentro da instituição para os viçosenses, foi criado em 2016 o Projeto Ciência na Praça, uma parceria entre o programa de Extensão em Rede, vinculado à Diretoria de Relações Internacionais e o Departamento de Economia Rural.

Felippe Clemente, professor do Departamento de Economia da UFV e coordenador deste Projeto, explica que, o que é pesquisado e desenvolvido pelos pós-graduandos, geralmente se mantem dentro dos departamentos ou são levados para algum congresso externo, portanto, o Ciência na Praça vem para servir de ponte entre a instituição e comunidade.

Para o professor e Pós-Doutorando em Economia, “o conceito praça utilizada pelo projeto é de um local que permita a livre circulação de pessoas e a troca de saberes”, sendo assim, o Projeto é realizado nas escolas do município, sendo esses espaços, considerados “praças”, pois são locais que abrem suas portas para a comunidade em que a mesma está inserida, bem como para alunos e professores. Os projetos levados para essas “praças” são selecionados por meio de inscrições, realizadas em Abril e Agosto, “os interessados se inscrevem e as propostas são avaliadas via sistema “double-blind review”. O número de propostas escolhidas depende da capacidade do local, bem como da logística necessária para transporte dos participantes”, explica o professor. O diferencial desse Projeto está em sua constante busca de levar o conhecimento gerado por meio da ciência o mais longe possível, por isso, as escolas escolhidas pelo Ciência na Praça, estão localizadas em bairros mais afastados do centro de Viçosa, aproximando a comunidade viçosense da produção científica da universidade. Ao se decidir o local em que o Projeto será levado, os responsáveis vão até esse bairro, conversam com diversos moradores procurando saber quais assuntos eles tem mais interesse em saber, de modo que o Projeto seja o mais relevante possível para àquela comunidade.

Em três anos de projeto, os impactos sociais são diversos, conta Felippe Clemente, “pelos depoimentos que recebemos de todas as edições, o Projeto impacta socialmente quem assiste ao evento, pois promove a troca de conhecimento e estimula o seu pesquisador, principalmente entre os alunos de ensino fundamental e médio, e também impacta quem promove o evento, pois permite ao pesquisador falar de suas pesquisas e projetos científicos de forma palatável, lúdica e acessível a todos”. Portanto, um dos pré-requisitos fundamentais para a seleção de um projeto/estande científico é tratar sua pesquisa de forma lúdica e entendível para as pessoas de qualquer idade.

Ao fim de cada edição do Ciência na Praça, são colhidos depoimentos de membros participantes e de alunos das escolas envolvidas como mais uma forma de aproximação entre o Projeto e a comunidade, além, também, de ponderar melhorias para as próximas edições. Segundo uma das participantes da primeira edição do Projeto, Maira Rodrigues Duffeck, do Departamento de Fitopatologia da UFV, “esse projeto só pode ser desenvolvido se estas características estiverem presentes nas pessoas que atuam no mesmo: Respeito com os colegas de trabalho e com o público em geral; comprometimento e responsabilidade para com os outros, e na execução das atividades que cada um se propôs a fazer; solidariedade na hora de se comunicar com o público, entender as limitações de cada ouvinte e tentar aproximar o conhecimento o mais próximo possível da realidade

de cada pessoa. Enfim, este projeto só apresenta pontos positivos, tanto para quem este organizando o mesmo, como para a sociedade em geral que é o alvo do trabalho”.

Já para a aluna Vitoria de Almeida Martins, de 9 anos, “foi muito interessante e divertido. Valeu a pena participar do evento Ciência na Praça. As crianças aprenderam mais sobre os fungos e vários outros assuntos. A feira de Ciência na Praça é importante porque ensina muitos temas interessantes e curiosos. O que mais me chamou atenção foram as estruturas representando o DNA, as brincadeiras na área da Educação Física, os microscópios com lâminas demonstrando os tipos de fungos e os insetos comestíveis”.

Ciência na Praça em números:

Fonte: Coordenação do Projeto