Movimentos Sociais da Negritude como estratégia para união, existência e resistência

No dia cinco de abril de 2018, aconteceu em Viçosa – Minas Gerais, o evento “Estratégias de Existência e  Resistência” que contou com a presença da filósofa e escritora Djamila Ribeiro, a presidenta da Associação dos Professores da Universidade Federal de Viçosa (ASPUV), professora Doutora Júnia Marise e a diretora da Casa Cultural das Pérolas Negras, Raíssa Rosa. O evento foi promovido em parceria com a Funarbe, a ASPUV e o projeto Pérolas Negras. 

 O Projeto Pérolas Negras é um projeto da cidade de Viçosa voltado para mulheres e meninas negras periféricas, seu principal objetivo é trabalhar a ancestralidade e estimular nas integrantes uma melhora na autoestima. Em 2018, o projeto que já existe há cinco anos inaugurou uma sede própria, e para celebrar essa conquista foi realizado o evento citado anteriormente.

 A Casa Cultural das Pérolas Negras possui um acervo literário repleto de autoras negras e esse feito foi fruto de doações de grandes editoras e intelectuais brasileiros, como a escritora Djamila – que foi a atração principal do evento em abril. 

 Em 2017, Djamila Ribeiro lançou uma coleção de livros intitulada “Feminismos Plurais” cujo objetivo é abordar em uma série de livros compactos e didáticos, vários aspectos e perspectivas dos feminismos, tendo como protagonistas mulheres negras e indígenas, além de homens negros. O que motivou a Mestre em Filosofia a começar essa coleção foi o fato desses sujeitos serem tratados como “mero recorte” dentro de uma história única e excludente – como bem tematiza a Chimamanda Adchie em “O perigo da história única” – link aqui 

 Feminismos Plurais se coloca com a responsabilidade histórica de romper silêncios. Até o presente momento, já foram lançados livros abordando a questão do empoderamento negro, racismo estrutural, interseccionalidade, encarceramento em massa e lugar de fala – essa última escrita pela própria Djamila. 

Em Viçosa, a filósofa também visitou a casa cultural das Pérolas Negras, que teve sua inauguração naquele mesmo dia. Assim como as Pérolas Negras, outros movimentos sociais também trazem a tona a questão dos negros na sociedade viçosense, como é o caso do NEAB, o Núcleo de Estudos Afro Brasileiros que tem sua sede localizada no porão do Centro de Vivência da UFV. Para este ano, os integrantes do NEAB estão planejando uma série de atividades e eventos, mas um destaque está sendo dado para o ENUNE – Encontro de estudantes negras, negros e cotistas promovido pela UNE, que é a União dos Estudantes do Brasil (UNE).

“O encontro acontece a partir de um entendimento da UNE de que o movimento estudantil tem como responsabilidade estimular o debate na agenda política nacional sobre uma grave expressão da desigualdade social no Brasil, que é o racismo” 

Em 2019, o ENUNE vai rolar dentro do Congresso Anual da UNE, nos dias 19 a 23 de junho, em local que ainda será definido.

Em Viçosa (MG), também existe uma representante da UNEGRO – União de Negros Pela Igualdade, trata-se da jornalista Terezinha Ferreira, que também trabalha como servidora na Pró Reitoria de Extensão e Cultura da UFV. A UNEGRO é uma entidade que foi fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, na Bahia e ela se coloca como suprapartidária, ou seja, sua existência está acima de partidos. 

Uma das pautas principais da organização é a de incentivar a população à realizar a denúncia do racismo, ao longos desses anos de existência eles seguem debatendo o famigerado mito da democracia racial e tentam fazer com que o Estado reconheça o racismo como problema nacional e um dos principais empecilhos para o pleno desenvolvimento do Brasil. Em 14 de julho de 2018 a UNEGRO completou 30 anos de luta contra o racismo estrutural na sociedade brasileira. 

É perceptível – pela atual situação que o Brasil se encontra, onde uma família inocente é alvejada com 80 tiros dados ‘por engano’ pelos militares – o quão relevante é a presença desses grupos tanto dentro quanto fora da academia, uma vez que estamos em uma luta a favor da negritude e anti-racista. Em prol de tornar a sociedade melhor, melhorar as oportunidades e a qualidade dos negros e negras que resistem nesse país.

“Em uma sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser anti-racista.” 

Angela Davis

Autores:

Sarah Venâncio de Almeida e Yan Gabriel Oliveira