Crianças da rede pública aprendem conceitos básicos da Arquitetura para se conscientizarem e  se reconhecerem como cidadãos participantes dos projetos da cidade.

O projeto “Eu na cidade”, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa, foi criado em abril de 2018 com o objetivo de levar um pouco do curso aos alunos de escolas públicas de Viçosa. A ideia surgiu pensando que a participação efetiva da população nas discussões do futuro da cidade são de grande importância e carece de interesse tanto quanto embasamento teórico da comunidade.

Para isso, esse assunto deveria ser trabalhado desde a vida escolar, para que seja despertado e fomentado o interesse público nos assuntos de bem comum. Segundo o aluno coordenador do projeto, Geraldo Chaib, a cidade deveria crescer e se desenvolver para melhorar a qualidade de vida de quem permeia e um dos modos disso ser alcançado é a maior participação dos cidadãos nos projetos do município.

As atividades praticadas no projeto consistem em desenvolver a visão das crianças para com a cidade, encarando as realidades, os problemas, sabendo das características das ruas, bairros, além de gerar uma noção de espaço em que as crianças vivem. Dentre essas atividades, segundos os participantes, as que elas mais gostam são de conteúdos práticos, como dinâmicas, jogos, gincanas. O trabalho com o melhor retorno foi o “Se essa rua fosse minha”, no qual os alunos explicam os trajetos de suas casas até a escola, identificam quais elementos têm no caminho, o que falta no lugar onde eles moram e o que poderia ser melhorado.

No ano passado, o “Eu na cidade” atendeu duas escolas, uma do bairro Santa Clara e outra em Nova Viçosa. No total cerca de 80 alunos da rede pública participaram, com idade de aproximadamente 10 anos. As turmas eram divididas em 20 alunos, para melhor logística e aprendizado. A frequência dos minicursos é de um a dois meses,  durante todo o ano com pausa nas férias escolares.

Todas as atividades tiveram um planejamento através de reuniões quinzenais dos alunos do curso, para decidir o que seria feito na escola e como seria realizado. Além disso, as visitas necessitam conciliar com o cronograma da escola e dos participantes do projeto, gerando constante conversa e acordo entre ambos os lados.

A equipe que compõe o projeto são de dois alunos que coordenam as atividades, um já citado, Geraldo Chaib, e outros dez alunos que participam como voluntários. Além disso, o projeto conta com o apoio da empresa júnior do curso, Tetu, com orientação do professor Ítalo Stephan, também do departamento de Arquitetura e Urbanismo.

A vivência para quem é voluntário é grande. Para Vanessa Lopes Miranda, do nono período de Arquitetura e Urbanismo e uma das idealizadoras do projeto, sua experiência sempre esteve relacionada mais na organização das atividades. “Assim como muitos outros projetos, contei com pessoas entusiasmadas que, além de me apoiar na ideia, trabalharam para que se tornasse realidade. Junto com essas pessoas, busquei bibliografias voltadas para crianças e montamos atividades para prender sua atenção e para levar um pouco sobre o que estudamos na graduação”, conta.

E todo projeto voltado para crianças tem que ser milimetricamente pensado. Segundo Vanessa, o maior desafio no “Eu na cidade” foi exatamente trabalhar com os pequenos, pois ela aprendeu que o melhor é sempre ter um “plano B” para todas as atividades e saber improvisar sempre. Além disso, ela vê o assunto sobre a cidade essencial para a formação da criança, uma vez que ela também é um cidadão e deve se sentir parte da cidade, sabendo de seus direitos e deveres.

O projeto, hoje, não possui nenhum financiamento. No entanto, como ele é vinculado à Tetu, possui um pequeno auxílio em relação aos custos das atividades.

Como o “Eu na cidade” surgiu há pouco tempo, ainda está em desenvolvimento, mas a meta é que ele continue alcançando novos lugares e conscientizar mais crianças. Para isso, os participantes buscam mais alunos que queiram se voluntariar. A inscrição é simples e feita através de um formulário disponibilizado pela Empresa Júnior Tetu. Esta inscrição é apenas uma demonstração de interesse dos que querem participar e o aluno não precisar estar vinculado à EJ para ser membro do projeto. Em seguida, é realizada uma reunião de esclarecimentos e alinhamento entre os estudantes para que possam iniciar com as atividades.

Para saber mais sobre o projeto ou sobre as inscrições, a Tetu se coloca à disposição através da página do Facebook Tetu UFV.