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Sonia Aparecida Buttura (1956-2020)

Coisa rara era vê-la triste. Cansaço e dor podiam vir, mas a tristeza era afastada com a sua alegria.

Sonia deixou o legado da fé aos filhos José Eduardo e Bruno, a quem encaminhou, desde a infância, na vivência da fé na Igreja Católica. Mantinha sempre acesa uma vela para o anjo da guarda de cada um deles. Dotada de “doçura para sorrir”, aonde quer que fosse, com o seu carisma fazia amizades e deixava rastros da sua alegria. Era baixinha, mas dona de um coração maior que ela. Se pudesse abraçaria o mundo.

Incrível cozinheira, seu carinho pelas pessoas era expresso também através da culinária. Por isso, não media esforços para preparar deliciosas refeições. Amava pizza, trocava qualquer coisa por uma rodada de pizza. Adorava também comer doces e guloseimas. Sempre dizia: “Sofri demais quando era criança. Sentia vontade de comer, mas não tinha condições. Hoje tenho condição e vou comer”.

Sempre ativa, trabalhou durante toda a vida. Iniciou ainda na infância, ajudando a mãe na roça com o plantio de algodão.

Era grande apoiadora dos filhos na paixão pelo futebol. Viajava com eles aos jogos. Sua maior satisfação era vê-los felizes com a vitória do time. Foi uma grande companhia para a nora Karine, seja para passeios, seja para conversar. Por isso, quando se juntavam tinham assunto para muitas horas. Se fosse possível defini-la apenas em adjetivos, seria: “trabalhadora, guerreira, carinhosa e amorosa”, palavras ditas por José Eduardo e Karine.

Os presentes que ganhava eram guardados com muito carinho, lembrando-se, assim, de maneira especial da pessoa querida. Além disso, guardava lembranças dos momentos especiais da infância dos filhos — roupas do batizado, da natação, sapatinhos de crochê. Não havia limites para a sua doação, tanto que quando um deles fazia aniversário os dois eram presenteados.

Não gostava de causar incômodo. “Estou indo para o meu quarto ver minha novela”, dizia antes de sair quando achava que estava incomodando. Era apaixonada pelo time de vôlei do Cruzeiro.

Pensava sempre no bem-estar de todos. Quando soube que seria avó, já garantiu um espaço em seu coração para a netinha Lívia, cujos pais são Bruno e Andrea. A primeira coisa que comprou foi o pratinho de alimentação. Usou também seu talento no crochê para fazer roupas e sapatinhos. Estava no trabalho quando recebeu a ligação informando sobre o nascimento. Chorou de emoção e felicidade, anunciando a todos os colegas de trabalho a novidade. Na visita ao hospital, não deixou de fazer um agrado: levou flores e um ursinho de pelúcia.

Seu amor se estendia inclusive ao cuidado com as plantas. Cultivava em casa um jardim com orquídeas e outras flores. Até o Theozinho, o cachorro de estimação, era mimado, ganhando comida escondido da nora Andrea.

Adorava estar em meio aos jovens e usava a mesma linguagem para com eles. Na interação com os amigos de seus filhos, acabava por ganhar a amizade deles. Tinha uma incrível imaginação. As melhores ideias permeavam a sua mente. “Tato, tive uma ideia”, dizia ao filho.

Era um exemplo de força e persistência. Mesmo com os sofrimentos da vida, como o abandono do pai na infância, mostrou que era necessário seguir adiante e que lá na frente a vitória era certa. Para ela, tudo na vida tinha um jeito de ser resolvido.

Mulher cheia de sonhos, realizou vários deles. Queria que os filhos seguissem seus próprios caminhos e estivessem bem. Sua família era pequena, mas sempre unida. Com todo o amor que tinha por ela, deu sua vida até o último instante.

Sonia: a mulher, mãe, avó, sogra e amiga que adorava dar presentes e assim se fez tão presente na vida de quem a conheceu.

Sonia nasceu Dois Córregos (SP) e faleceu Santo André (SP), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelos familiares de Sonia, José Eduardo Acencio e Karine de Moraes, para Talita Rocha. Publicado no portal inumeraveis.com.br em 18 de julho de 2020.

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