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Selma Teresa Lourenço da Silva (1950-2020)

Batalhadora e generosa. Não tinha vergonha de pedir ajuda e de ajudar os outros.

Mãe de seis filhos, sofreu muito com a perda do pequeno Narley, de apenas 11 meses de vida. Mas aos poucos, com a presença do marido, Carlos Roberto da Silva, de amigos e parentes que a visitavam aos domingos e da querida amiga, Dilma Fernandes, conseguiu se recuperar e voltar a fazer o que gostava.

Era mãe protetora. Quando precisava, chamava a atenção e ficava até nervosa em alguns momentos. Porém, do jeitinho dela, demonstrava profundo carinho pelos filhos.

Todos os dias, quando eles chegavam da escola, o almoço já estava pronto. Eles comiam e brincavam no terreiro, enquanto ela, com a ajuda das filhas Simone e Janaína, arrumavam a casa. Selma adorava a casa limpa e arrumadinha. Depois, vinha o banho de mangueira no quintal, que alegria! Eles então entravam para dormir um pouco. Deitados no chão da sala, ela costumava cantar. Apesar de uma triste letra, embalava os filhos quando na voz da mãe. A música, muito querida por eles, chama “Coração de luto”.

Durante muitos anos, a família morou em uma pequena casa, com apenas dois quartos, mas com um amplo quintal de terra. Selma amava as plantas, ali tinha canteiros com várias flores e uma horta com verduras e legumes, sempre cuidados com muito carinho. Por um tempo, criou um porco também, “era tipo uma roça, dentro da área urbana”, conta a filha, Geissy.

Seu amor por animais se estendia para os gatos, periquitos e cachorros que cuidou. Em outubro de 2019 pediram que ela adotasse uma cachorrinha, pois seu dono se mudaria para o sul e não poderia levá-la. Se ninguém a quisesse, ela seria solta na rua. Selma então foi a Ubá buscar a Mel, que virou sua companheira fiel.

Quando criança, passou algumas dificuldades. A comida era escassa na família e o trabalho era necessário para ajudar a mãe. Aos 6 anos, as duas precisavam ir à bica ou ao rio para lavar trouxas de roupa, que serviriam para pagar o aluguel. Lavavam de sete a dez trouxas de roupa dentro do rio, com a água batendo acima da cintura, todos os dias.

Os diversos desafios fizeram de Selma uma mulher forte e generosa! Fez tudo que esteve ao seu alcance para que os filhos tivessem uma vida diferente. Vendeu produtos de revista, perfumes, tapetes e, junto com o marido, “não deixou faltar nada do básico de comida pra gente”, conta Geissy, que complementa: “Nos tempos de hoje, ela possuía tudo que ela queria ter, porque ela falava que, no passado, sempre queria ter algo e nunca podia”.

Selma era mulher, companheira, amiga, esposa; era mãe da Geissy, Simone, Janaína, Cinaria, Gleberson, Narley e avó do Carlos Eduardo, Maria Eduarda, Kauã, Riquelmy, Nayra Julia, Kaique, Karine, e do Kayson, que agora, está no céu com ela. Teve uma vida repleta de desafios, superações, aprendizados e amor. Para sua filha Geissy, o maior ensinamento deixado foi: “Que a gente não é nada nesse mundo e que não levamos nada dele, a não ser o que vivemos e compartilhamos de felicidade e amor com o próximo”.

Selma nasceu em Visconde do Rio Branco (MG) e faleceu em Visconde do Rio Branco (MG), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Selma, Geissy Aparecida da Silva, para Maíra Ferrari. Publicado no portal inumeraveis.com.br em 29 de julho de 2020.

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