Pular para o conteúdo

Salvador Pereira Ramos (1957-2020)

Excelente motorista de ônibus, Salzão guiou a vida com alegria, carinho e música.

Salzão, no aumentativo mesmo. Com um metro e oitenta de puro bom humor, Salvador foi um homem de muitos e bons amigos.

Adorava dirigir e fez disso sua profissão. Como motorista de ônibus, rodou as ruas de Vitória e chegou a integrar o Sindicato dos Rodoviários. Porém, aposentou-se precocemente devido a um glaucoma que afetou sua visão.

Não enxergava perfeitamente, mas era o suficiente para ler as letras das músicas no videokê instalado em sua casa. Salvador cantava tão bem que os vizinhos ligavam pedindo para escolher o repertório. Ele cedia aos pedidos do público, aumentava o volume e apresentava-se para a vizinhança da Serra. Quem diria, o grande Salzão foi pioneiro dos shows a distância! Bolero, samba, sertanejo… se arriscava em diversos estilos musicais, sempre fazendo dupla com sua esposa, Aparecida, o amor da sua vida.

Entre risos e cervejas, Salzão foi cultivando amigos. Brincalhão, possuía o dom de contar histórias e adorava conversar sobre a vida, política e futebol, sendo um flamenguista roxo. Roxo não, vermelho!

Era também um ótimo conselheiro. Quando os amigos precisavam de alguém para desabafar, ele estava sempre disponível. Seus conselhos transformaram vidas. Certa vez, converteu o relacionamento conturbado de um colega em uma eterna lua de mel. Já em outra oportunidade, foi fundamental para tirar um amigo da depressão.

Com seu jeito paizão, transmitiu valores como a honestidade e o trabalho para os seis filhos. Também ensinou uma das suas filhas a desfilar, nas vésperas de um concurso do bairro. Naquele dia, eles comemoraram juntos o surpreendente primeiro lugar. E com essa forma encantadora de ser, o pai virou o melhor amigo dos filhos e os filhos viraram fãs do pai. Do jeitinho que diz a música.

O refrão agora se faz com a nostalgia dos bons momentos. Adaptando a canção de Nelson Gonçalves: “Naquela mesa tá faltando ele, o Salzão!” e a saudade será sentida por sua família e amigos. A lembrança do homem alegre e amoroso ficará para sempre guardada na memória de todos.

De seu filho, Silvio Vieira Ramos.

Salvador nasceu em Vitória (ES) e faleceu em Serra (ES), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Salvador, Silvio Vieira Ramos, para Daniel Reis. Publicado no portal inumeraveis.com.br em 10 de junho de 2020.

X