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Maria Sérgio Rosa (1948-2020)

Alegre e popular, dona Maria Rosa conquistava todos por onde passava.

“Olha como eu sou bonita, como eu sou poderosa”. Com esta frase pitoresca, jogando o aplique de cabelo pra frente e pra trás, Maria Sérgio Rosa fazia uma de suas brincadeiras mais conhecidas. A alegria era sua principal marca. Ela era muito engraçada. Adorava contar piada. Todo sábado sentava num banquinho na frente de casa e começava a contar histórias para os filhos, os netos, os sobrinhos e os vizinhos. Eram horas e horas rindo com ela. O pessoal que passava na rua via aquilo e ia sentando também pra participar da conversa. Ih, era muito bom!

Funcionária pública aposentada, deixou saudades também entre os colegas de trabalho da Prefeitura de Vitória. Sempre quando chegava, os outros funcionários já ensaiavam o riso porque sabiam que teriam muitos motivos para gargalhar com as “prosas” de Maria Rosa.

Residente na Serra, no Espírito Santo, saía praticamente todos os dias de casa e ia para Vitória, município vizinho, a fim de cuidar de dois netos, Ana Júlia e Nicolas, ambos com 9 anos. Quando ouviam o barulho do ônibus parando na porta, as crianças gritavam: “Vovó chegou!” O ponto de parada ficava mais distante, só que os motoristas faziam questão de deixar dona Maria Rosa na porta da casa da filha. Não era à toa. Ela fazia muitos mimos para os motoristas, sempre levando um lanchinho, guloseimas e até refrigerante para eles.

Popular, conversava com todo mundo, e era muito conhecida pelos motoristas, moradores e comerciantes do bairro. Querida por todos, fazia questão de agradar com uma lembrancinha, uma guloseima, um sorriso, um abraço. Ah, e o que cozinhava em casa levava para vizinhos.

O orgulho de ser negra sempre foi um legado para os seus sete filhos (Sebastião, Ana Maria, Josefa, Valdeci, Alessandra, Sandro, Wagner), doze netos e três bisnetos. Incentivou os filhos a estudar e a desenvolver os princípios éticos. Deixou como herança para a família o ensinamento do respeito ao próximo e a diversidade; da prática da alegria e da solidariedade.

Maria nasceu em Mutum (MG) e faleceu em Serra (ES), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Maria, Alessandra Rosa, para Kátia Fraga. Publicado no portal inumeraveis.com.br em 17 de junho de 2020.

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