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Antônio Orfanelli (1941-2020)

“Trabaia não pra vê”, dizia ele.

Era assim que, descontraidamente, Antônio demonstrava a enorme importância do trabalho em sua vida. Para ele, não se tratava de obrigação ou meritocracia, mas sim de esforço. Desde cedo, passava a grande lição para suas duas filhas: “Você é merecedor daquilo que trabalha para conseguir”. Em sua visão, para ter o que se deseja, é necessário dar o seu melhor em tudo que fizer.

Vindo de uma família de italianos, desde seus oito anos, dividia o tempo entre a escola e o campo. Seus pais eram lavradores, e quando ele tinha 21 anos, moravam juntos para trabalhar em uma fazenda. Foi neste contexto que Antônio conheceu o grande amor da sua vida, Dona Gilda, neta da dona desta mesma propriedade.

Dois anos depois, casaram-se e desde então, Gilda se tornou sua eterna namorada. Ele sempre foi apaixonado por aquela mulher, e passou o resto da sua vida com ela. Sempre, no dia dos namorados, presenteava a esposa com o mesmo chocolate de quando a conquistou: um Diamante Negro.

Apesar de ser extremamente amoroso, Antônio não expressava seus sentimentos em falas, mas sim em ações. Transmitia para suas filhas todos os valores e ensinamentos que considerava importantes, mesmo aqueles que não cumpria, como ir à missa todo domingo.

Era um visionário. Sempre prezou pela educação de suas filhas. Mesmo sendo muito simples, empenhou-se para proporcionar todo o estudo que elas mereciam, com direito até a cursos de idiomas.

Era um praticante do bem, que pensava nos outros antes de pensar em si.

Não media esforços para ajudar quem precisava, nem mesmo quando isso significava que teria de abdicar de algo seu.

Independentemente de trabalhar muito, foi um pai extremamente presente. Valorizava muito a família e sempre reservava tempo para ela. Tinha costume de entrar no carro e dizer: “Estamos indo sem rumo”. E assim ia, vagando e buscando por novas aventuras com suas meninas. Nem que fosse para comprar uma bexiga na feira da Vila Arens”.

Nos aniversários, era o puxador de orelhas número um. Em sua família, o pai que fez tudo que pôde para seus amores. Para Gilda, sua eterna paixão. E para todos, um grande homem, trabalhador, honesto e dono de um enorme coração.

A história da esposa de Antônio também está guardada neste Memorial, e você pode conhecê-la ao procurar por Gilda Helena Vianna Orfanelli.

Antônio nasceu em Potirendaba (SP) e faleceu em Jundiaí (SP), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Antônio, Soraia Fátima Orfanelli, para Gabriela Möller. Publicado no portal inumeraveis.com.br em 22 de julho de 2020.

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