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Especiais – Focca http://www.jornalismo.ufv.br/focca Folha Online de Ciência e Cultura Sat, 31 Oct 2020 15:00:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.1.18 http://www.jornalismo.ufv.br/focca/wp-content/uploads/2019/04/cropped-favicon-32x32.png Especiais – Focca http://www.jornalismo.ufv.br/focca 32 32 Língua brasileira de sinais é um direito humano http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/07/03/lingua-brasileira-de-sinais-e-um-direito-humano/ http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/07/03/lingua-brasileira-de-sinais-e-um-direito-humano/#respond Wed, 03 Jul 2019 12:34:31 +0000 http://www.jornalismo.ufv.br/focca/?p=1376
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A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é um direito linguístico e humano. Portanto, devemos ter o olhar de que os sujeitos surdos não estão nos pedindo ajuda, mas sim saber que eles têm o direito de estar aprendendo a língua. Aprender Libras não significa que estamos fazendo uma bondade, mas que estamos levando em conta o direito do sujeito de ter acesso aos conhecimentos e de usá-la. 

A modalidade da Libras é diferente da língua portuguesa, sendo esta considerada como oral-auditiva e a de sinais é considerada como visual-espacial, ou seja, ela usa a visão e o espaço para realização dos sinais e a construção das frases. Ela é construída gramaticalmente com uma estrutura sintática que é específica da própria língua. 

Também há sinais regionais, tendo, por exemplo, vários sinais utilizados no estado de Minas Gerais que são bem diferentes do estado do Rio Grande do Sul, isso acontece como em outras línguas que também possui suas variações linguísticas de acordo com as localidades. Nós vamos nos construindo culturalmente e, assim, a nossa língua sofre variações conforme os espaços em que vivemos. A língua de sinais não é universal existindo uma para cada país. No Brasil, a Libras sofre muita influência em sua gramática da língua de sinais Americana e aspectos comunicacionais da língua de sinais Francesa. 

Para a professora Ana Gediel, do Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde atua na área Libras, desde 2010, aprender essa língua é fundamental já que ela é a primeira usada pelos surdos e dar espaço para eles não é uma questão de apoio ou ajuda, é um direito. “O processo de aprendizado dessa língua é importante para a interação desses sujeitos na sociedade. É de suma importância que nós consigamos manter uma abrangência para que outras pessoas, além dos surdos, possam se comunicar na língua de sinais também. Pensando na educação básica seria importante ser oferecido o conhecimento dessa língua também de forma regulamentada, como nós temos no ensino superior, isso facilitaria a interação da comunidade escolar com o surdo e, consequentemente, de outros âmbitos sociais.”

No Brasil, a Libras é regulamentada por algumas leis. Ana destaca três que são importantes para a educação do surdo. A Lei nº 10.436, de 2002, a qual reconhece a língua brasileira de sinais como meio legal de comunicação e expressão dos sujeitos surdos no Brasil; o Decreto nº 5.626, de 2005, no qual regulamenta a lei de 2002 e também torna obrigatória a disciplina de Libras para todos os cursos de licenciaturas, fonoaudiologia e magistério no ensino superior; e a Lei nº 13.409, que só entrou em vigor no ano de 2017, referente a reserva de vagas para pessoas com deficiência no ensino superior, sendo uma nova perspectiva para a continuidade dos estudos desses sujeitos, não só no ensino fundamental e médio, mas também no superior.

Na UFV, desde 2010, quando começou a ser oferecida a disciplina de Libras tem-se percebido uma expansão de atividades e um reconhecimento maior da língua. “Quando falamos da Libras, ela atua na questão identitária dos sujeitos. Os surdos que a utilizam constroem sua identidade a partir dela e também as perspectivas culturais surgem em torno da língua – destaca Ana.

 

Ensino de Libras em Viçosa

Proporcionando o ensino bilíngue para surdos, em Viçosa, o projeto de extensão Surdo Cidadão é promovido pelo Departamento de Matemática da UFV.  A iniciativa existe desde 2007, na época chamado de Matemática e Surdez: questão de linguagem e desenvolvimento de novas técnicas de ensino, mas, a partir de 2014, mudou seu nome. Buscando ressignificar a aprendizagem, atualmente são oferecidos minicursos básico 1 e 2 – com conteúdos introdutórios, cursos na Semana do Fazendeiro, palestras e monitorias, por enquanto, de química, matemática e história. 

Para os integrantes do projeto, a ação extensionista é fundamental na formação pessoal e profissional proporcionando experiência e empatia. Nathalia Barros, estudante de licenciatura em Química e membra do projeto, acredita que a experiência trazida pelo Surdo Cidadão contribui significativamente em sua formação enquanto professora e no ensino de química. “A experiência auxilia mais na sua formação do que qualquer disciplina que for fazer. A partir das discussões de estratégias de ensino e metodologias, isso me ajuda no planejamento das aulas e no compartilhamento dentro do projeto Surdo Cidadão. Eu me descobri na área da educação inclusiva, o que abriu meu olhar.”

Para a comunidade surda, beneficia e dissemina a valorização da língua e promove interação entre eles. Regiane Oliveira, natural de Guaraciaba, estudantes de Licenciatura de Educação no Campo (Licena) e primeira estudante a ingressar na instituição participa do projeto desde 2012, quando a iniciativa a ajudou estudar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Eu precisava de ajuda para saber como ler e entender as questões de português, por exemplo. Em 2014, eu fiz o Enem e passei, a Michele, professora de Libras da UFV, me deu os parabéns e ela quem me disse que eu havia passado na UFV.”

Nas atividades realizadas pela iniciativa os espaços são bilíngues, mas a Libras é a primeira. Usam o português como um meio de apoio. Entretanto, dificuldades relativas ao conhecimento e disseminação da língua são encontradas, como na aprendizagem e na imersão cultural. Contudo, os percalços são transponíveis, não sendo barreiras difíceis de serem adaptadas.

 

Iniciativas inclusivas

O Surdo Cidadão oferece anualmente três cursos, sendo dois básico 1 e uma vez o básico 2. São gratuitos e abertos para participação de toda a comunidade contando com certificação e carga horária de dez horas. As ações são divulgadas pela página do projeto no Facebook e pelo site da UFV, e suas inscrições são abertas online mediante preenchimento de um formulário.

Para que as pessoas possam ter acesso aos conhecimentos sobre a Libras, também há diversas instituições que apresentam cursos na modalidade online e a distância. Dessa forma, gratuitamente, os usuários que tenham interesse na comunicação com as pessoas surdas podem conhecer mais sobre a língua. A seguir apresentaremos algumas plataformas que oferecem iniciativas gratuitas.

Escola Virtual do Governo – Pela Escola Virtual do Governo, organizada pela Escola Nacional de Administração Pública – Enap, é possível ter conhecimentos sobre a surdez e a prática de Libras. São 60 horas de curso com certificação para os participantes.

Universidade de São Paulo – A Universidade de São Paulo possui um meio dedicado ao ensino da Libras, sendo gratuito e online. O propósito é que pessoas não surdas tenham acesso a conteúdos relacionados à língua de sinais, à surdez, à educação de surdos é à cultura surda.

Sesi – O Serviço Social da Indústria (Sesi) oferece na modalidade online e auto instrucional o curso para que os ouvintes possam conhecer sobre a língua. Dessa forma, objetiva-se que pessoas com ou sem deficiência auditiva comuniquem no ambiente de trabalho, removendo as barreiras da comunicação que dificultam a relação interpessoal.

 

Iniciativa nas mídias

No fim de maio, estreou na Band o programa Aqui na Band, que trouxe uma iniciativa inovadora na televisão nacional, a inclusão da tradução em Libras. Dessa maneira, foi considerado o primeiro programa de entretenimento a inserir a linguagem de sinais diariamente. Para saber mais informações sobre o programa, basta acessar o site do canal.

Outra proposta inclusiva é o desenho animado Min e as mãozinhas, primeiro desenho animado que ensina Libras em Libras, sem o uso de legendas e intérpretes. Mais detalhes podem ser conferidos pela página no Facebook e pelo canal do desenho no YouTube.

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A situação do descarte do lixo em Viçosa http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/07/02/a-situacao-do-descarte-de-lixo-em-vicosa/ http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/07/02/a-situacao-do-descarte-de-lixo-em-vicosa/#respond Tue, 02 Jul 2019 14:32:10 +0000 http://www.jornalismo.ufv.br/focca/?p=1247
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De acordo com o SAAE, são recolhidas 60 toneladas de lixo por dia no município. Deste total, estima-se que apenas 5% são destinados à reciclagem.

Você sabe para onde vai o seu lixo? Cada pessoa produz em média 800 gramas de lixo por dia e, ao final de um ano, esse número chega a 292 quilos. Apesar de ser uma grande quantidade, poucos se preocupam com o destino que ele terá. Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), apenas 3% de todo o lixo gerado é reciclado,  o que é uma situação muito preocupante.

Um dos principais obstáculos em aumentar esse número é a falta de adesão por parte dos municípios, que precisam investir para que essa situação mude. A maneira mais comum de realizar essa tarefa é através de parcerias entre a empresa responsável pela coleta de lixo da cidade e os catadores de materiais recicláveis. Na maioria das vezes, são os catadores que são responsáveis por realizar a coleta desse tipo de resíduo, que em seguida, vai para o local de separação e reciclagem.

Outro fator que prejudica muito o reaproveitamento do lixo é em relação à população, que, em sua maioria, acaba não aderindo e não fazendo a separação do seu lixo. Em cidades que possuem a coleta, poucos são os cidadãos que se comprometem a realizar essa simples tarefa, mas que tem um grande impacto para o meio ambiente.

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

No ano de 2010, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), por meio da Lei nº 12.305/10, que gerencia o descarte correto desses resíduos e determina a proibição dos lixões no país, além de obrigar os municípios a elaborar planos de resíduos sólidos, incluir os catadores dentro dos planos de coleta e a implementar a coleta seletiva. A PNRS não proibiu os aterros sanitários, uma vez que eles são considerados uma opção mais sustentável que lixões a céu aberto e aterros controlados. Contudo, passou a especificar diversas regras a serem seguidas para que, de fato, atendam às normas da lei e contribuam para a preservação do meio ambiente.

Algumas dessas normas são a distância mínima de 100 metros de qualquer edificação ou curso d’água, a impermeabilização do solo com mantas de PVC, o depósito do chorume gerado pelos resíduos em um poço para tratamento futuro e a drenagem do biogás, que pode ser queimado ou aproveitado para a geração de eletricidade. Além disso, a fim de se impedir a proliferação de pragas urbanas, o aterro precisa ser coberto diariamente com terra. Em síntese, os aterros sanitários devem garantir que os resíduos sólidos sejam tratados e operados de modo a evitar prejuízos à saúde pública e ao meio ambiente.

Somente rejeitos podem ser destinados a esses aterros, ou seja, qualquer tipo de resíduo sólido que não seja reciclável ou que não possa mais ser reaproveitado.  Portanto, tais materiais coletados devem passar, primeiramente, pela coleta seletiva, tendo sua devida triagem para que os materiais que podem ser reciclados sejam aproveitados e não enviados aos aterros sanitários.

EM VIÇOSA

Na cidade de Viçosa, localizada na Zona da Mata mineira, a coleta do lixo é responsabilidade do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) desde dezembro de 2009, quando a Câmara Municipal aprovou a lei nº 2002/2009, transferindo os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos para a autarquia. De acordo com o SAAE, são recolhidas cerca de 60 toneladas de lixo por dia no município. Deste total, estima-se que somente 5% são encaminhados às associações de catadores, enquanto todo o resto é enviado diretamente ao aterro sanitário. Em função disso, os materiais que poderiam ser reaproveitados e destinados à reciclagem acabam por se perder.

Em atividade desde 2003, o Aterro Sanitário Municipal, situado na região denominada Siriquite – rodovia MG 482, a qual interliga Viçosa à cidade de Porto Firme,  foi criado para destinar os resíduos sólidos produzidos no município de forma mais adequada. Atualmente, a operacionalidade do aterro municipal é de responsabilidade do SAAE, que gerencia toda a área destinada ao aterro. Através dessa regularização da coleta de resíduos sólidos, a cidade recebe anualmente o ICMS Ecológico, um benefício repassado pelo Governo Federal e que busca incentivar empreendimentos em saneamento básico.

COLETA SELETIVA

Foto em 360º da Usina de Triagem e Reciclagem de Viçosa, local de trabalho da ACAMARE.  Segure e arraste o mouse para ter a experiência completa.

Com o objetivo de ampliar a coleta seletiva na cidade, foi assinado em 04 de outubro de 2018 um contrato de prestação de serviços entre membros da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Viçosa (ACAT), Associação dos Trabalhadores da Usina de Triagem e Reciclagem de Viçosa (ACAMARE) e o SAAE. O contrato prevê mobilização social, coleta, triagem e comercialização dos materiais recicláveis gerados no município. O SAAE oferece apoio logístico, fornece caminhão, motorista, combustível e apoio em pequenas manutenções, além da remuneração pela tonelada de material processado pelas associações nas unidades de triagem.

Atualmente, a coleta seletiva está sendo realizada de terça a sexta-feira, exceto feriados. Segundo o SAAE, “o material com potencial de reciclagem e reaproveitamento é coletado por dois caminhões com motoristas fornecidos pela autarquia e coletores das associações de catadores, em rotas organizadas, nos bairros onde já existe a mobilização da coleta seletiva. A contratação que tornou possível a coleta de recicláveis têm mobilizado comunidades e deve se expandir para novos bairros de forma gradativa”.

Os materiais recolhidos são encaminhados às associações de catadores do município. Uma delas é a ACAT, composta por catadores que, antes da parceria com o SAAE, coletavam os materiais recicláveis em carrocinhas nas ruas de Viçosa. A associação, que havia se enfraquecido após a mudança da sua antiga sede, desativada por ter sido considerada inapropriada para tal atividade, voltou a se fortalecer. Atualmente situada em um galpão no final da rua Santana, a associação conta com 15 associados.

O outro destino é a ACAMARE, localizada próximo ao trevo de São José do Triunfo (Fundão). Em atividade desde 2002, os trabalhadores da usina se oficializaram como uma associação em 2008, com o apoio da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP). Com isso, os catadores tiveram um aumento do poder de barganha na hora da venda dos materiais recicláveis. Atualmente, 18 pessoas tiram sua renda da comercialização dos materiais separados no local, que, em média, chega a 30 toneladas por mês.

Entrevista com a associada da ACAMARE, Selma Fátima Miranda.
Entrevista com a associada da ACAMARE, Selma Fátima Miranda.

“Alguns materiais são mais fáceis de comercializar, como papel, papelão, plástico, ferro velho. Então praticamente todo mês eles fazem venda desses materiais. Já outros são mais difíceis de achar comprador, como é o caso do vidro. Normalmente são compradores de regiões e cidades maiores, São Paulo, Rio. E aí não compensa porque eles não arcam com o frete. Por isso é um material que fica mais agarrado, geralmente eles conseguem vender somente uma ou duas vezes por ano”, explica Priscila Portugal, formada em Gestão de Cooperativas e que presta apoio administrativo à ACAMARE.

GALERIA DE FOTOS

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PROJETO INTERAÇÃO

A ACAT e a ACAMARE contam com o apoio do projeto InterAção, um projeto de extensão desenvolvido pelo curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Viçosa, criado em 2007 pelas professoras Nádia Dutra de Souza e Vera Lúcia Muniz. Uma das principais finalidades do projeto é promover a mobilização da sociedade civil para a importância da coleta seletiva, que tem um impacto não só ambiental, mas também social, gerando renda para dezenas de famílias viçosenses.

No início, o InterAção buscava desenvolver hábitos de higiene nos locais de trabalho, a geração de empregos e de renda para os trabalhadores da Acamare, além de desenvolver também a questão da percepção da associação como instituição e seus membros como seres políticos na atuação em prol do meio ambiente.

No presente, segundo Adriana de Paula Rocha, estudante de Engenharia Ambiental na UFV e integrante do projeto, o InterAção acompanha todas as reuniões e mobilizações das duas associações, participando de discussões, auxiliando nas escolhas dos bairros e na elaboração de materiais para essas mobilizações, além de levar temas e assuntos do interesse de cada associação. Deste modo, o projeto contribui para o empoderamento dos catadores.

Além de fazer um importante trabalho com as associações de catadores do município, o InterAção também desenvolve atividades de sensibilização nas escolas, buscando realizar ações de aprendizagem não só com os alunos, dentro de sala de aula, mas com todo o corpo escolar. Para isso, o projeto usa uma metodologia diferenciada para que a escola tome para si a participação na coleta seletiva, tendo o envolvimento da secretaria, diretoria, pessoal da limpeza e professores. Para participar do projeto, as escolas interessadas devem entrar em contato com o InterAção.

Para Adriana, a conscientização das crianças acerca do lixo é muito importante porque, “ao aprenderem com o projeto as formas corretas de descartar os resíduos e preservar o meio ambiente, elas chegam em casa e divulgam isso para os adultos. Então é uma forma de ter acesso a essas famílias, além de impactar e conscientizar o maior número de pessoas possíveis”.

Entrevista com o defensor público Glauco Rodrigues de Paula sobre a situação dos catadores de material reciclável em Viçosa.
Entrevista com o defensor público Glauco Rodrigues de Paula sobre a situação dos catadores de material reciclável em Viçosa.

FÓRUM MUNICIPAL DE LIXO E CIDADANIA DE VIÇOSA

Mesa de abertura do seminário “Desafios da coleta seletiva com a inclusão dos/as Catadores/as”

Para incentivar a participação da comunidade viçosense nas discussões sobre o lixo produzido no município, foi inaugurado em 11 de agosto de 2017 o Fórum Municipal de Lixo e Cidadania de Viçosa (FMLC). Contando com a presença do SAAE, as reuniões acontecem sempre na terceira sexta-feira de cada mês. Nelas, as associações expõem e debatem sobre questões que devem ser melhoradas acerca da coleta de resíduos em Viçosa, além de poderem articular melhorias em seu trabalho. O fórum é aberto à população, que pode levar suas demandas às associações.

Por meio do comprometimento de seus associados, o FMLC busca propor pautas e soluções junto ao poder público a fim de melhor articular o gerenciamento dos resíduos sólidos na região, tendo como um de seus princípios a promoção de autonomia das associações de catadores de Viçosa, como prevê a Política Nacional dos Resíduos Sólidos.

A iniciativa já acontece em vários municípios brasileiros e é advinda do Fórum Nacional de Lixo & Cidadania, realizado em 1998 pela UNICEF, com o intuito de discutir e solucionar problemáticas como o trabalho de crianças e adolescentes no lixo, mudar a forma adotada para a destinação dos resíduos produzidos no país e inserir economicamente e socialmente os catadores de materiais recicláveis, dentre outras coisas.

Dessa forma, a gestão de resíduos precisa da participação social para viabilizar alternativas que melhorem as condições de trabalho dos catadores e que também propiciem o melhor aproveitamento dos resíduos. Também faz parte dos objetivos do Fórum sensibilizar a população, geradora de resíduos, para que haja uma mudança efetiva tanto de padrão de produção quanto de consumo.

A IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO

A única maneira de mudar a situação do lixo é através da conscientização tanto da população quanto do governo, que deve investir na implementação de políticas voltadas à reciclagem e na divulgação de informações para orientar a população sobre como realizá-la.

Por sua vez, os cidadãos devem conhecer e obedecer os horários de coleta na sua localidade, descartando o lixo acondicionado de forma correta e uma hora antes do horário previsto. As pessoas podem se organizar em grupos (por bairros, religiosos), visando realizar a separação binária dos resíduos (lixo úmido e lixo seco). Isso deverá ser comunicado às associações de catadores a fim de que possam elaborar formas de coleta desses materiais para que sejam destinados aos locais corretos, tendo em vista o maior aproveitamento possível do material reciclável e reutilizável.

COMO SEPARAR O SEU LIXO

Muita gente possui dúvidas sobre como deve ser realizada essa separação, que pode variar de região para região, mas que, em grande parte, pode ser bem semelhante. Por isso, a FOCCA traz para você informações de como separar o seu lixo.

Antes de saber como deve ser feita a separação, é preciso entender quais tipos de resíduos sólidos podem ser reciclados ou não. Confira abaixo:

É muito comum que a separação seja feita em lixeiras diferentes. Quando você ouve falar de reciclagem, logo já pensa em lixeiras coloridas, uma para cada categoria diferente de lixo, como plástico, vidro, papel, metal e orgânico.

Uma das barreiras para a realização da reciclagem é a falta de informação, uma vez que grande parte da população acredita que é necessário haver diversas lixeiras diferentes para realizar a separação. Mas, na verdade, separar o lixo não reciclável do reciclável já é suficiente.

Porém, é importante sinalizar qual é o lixo reciclável para que os catadores saibam diferenciar.

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UFV possui três projetos que participam da maior competição universitária do mundo http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/28/projetos-sae/ http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/28/projetos-sae/#respond Fri, 28 Jun 2019 13:37:22 +0000 http://www.jornalismo.ufv.br/focca/?p=1000
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Dentro da área das engenharias existem campeonatos direcionados aos setores automotivo e aeroespacial. Estas competições acontecem a nível nacional em vários países e também à nível mundial e regional. A Society of Automotive Engineers Internacional (SAE) é uma das principais sociedades do ramo na qual conta com 138 mil engenheiros técnicos especialistas relacionados ao mercado automotivo, dentre eles: aeroespacial, comerciais, industriais e automobilísticos. A organização preza pelo aprendizado duradouro e desenvolvimento não só da engenharia como ciência mas também do profissional engenheiro, seja em formação ou já graduado. A SAE mantém o público alvo informado sobre os recentes avanços do setor por meio de revistas científicas mundialmente conhecidas como Automotive Engineering International, Aerospace Engineering e Off Highway Engineering, além disso, a SAE ainda disponibiliza informações por meio de publicações técnicas, históricas e estatísticas distribuídas em mais de 65 países anualmente. 

A SAE Internacional possui uma extensão de cunho social que é a SAE Fundation a qual tem como principal objetivo incentivar e apoiar o desenvolvimento de profissionais capacitados nas muitas comunidades do seguimento. Atuante na iniciativa de promover o conhecimento científico e matemático, além de ajudar a garantir que os setores tenham um grupo de candidatos mais diversificado na força de trabalho no futuro. Dessa forma, a SAE Fundation atua em escolas trabalhando em específico com as turmas de quarta, quinta e sexta séries com a suplementação de ciências físicas. Segundo o site da SAE Internacional, são nesses anos que as crianças perdem o interesse em ciências e matemática, das quais precisarão como base para ingressar em programas curriculares de engenharia. 

No momento em que os alunos ingressam na universidade, a SAE oferta 12 tipos de eventos os quais desafiam os alunos a projetarem, criarem e testarem o desempenho de um veículo real em um ambiente competitivo colocando em prática todo aprendizado adquirido em sala de aula. De acordo com o site, As competições SAE Collegiate Design contam com mais de 4.500 alunos de 500 universidades de seis continentes. Fórmula SAE, Baja SAE e AeroDesign SAE são apenas alguns exemplos dessas competições.

SAE Brasil

No Brasil, a SAE foi instaurada no ano de 1991, executivos dos segmentos automotivo e aeroespacial tiveram a iniciativa de criar a afiliada da SAE Internacional conscientes da necessidade de ampliar as fontes de conhecimento para os profissionais brasileiros. A SAE Brasil mantém o mesmo princípio na qual a instituição foi criada, sempre buscando fontes de conhecimento e atualização tecnológica da indústria, focadas em inovações e tendências da mobilidade brasileira e internacional. Sendo assim, a associação se tornou um setor presente e atuante para o mercado com a promoção anual de simpósios, colóquios, cursos e eventos técnicos. Segundo o site do SAE Brasil, a instituição no país conta com seis mil associados e mais de mil voluntários. Sua sede está na cidade de São Paulo, além de estar presente em sete estados brasileiros, por meio de 10 seções regionais. A associação promove anualmente mais de 100 eventos, entre simpósios, fóruns, colóquios, palestras e congresso, que contam com a presença de 18 mil participantes. 

A SAE Brasil, como em outras partes do mundo, promove programas estudantis, são competições entre estudantes que mantém o mesmo intuito de prática dito anteriormente preservando a ideia de colocar em prática os ensinamentos absorvidos em aula, além disso, dar a oportunidade do aluno vivenciar as etapas de todo desenvolvimento de um produto, buscar soluções criativas paras os problemas que surgem nos processos e também evoluírem no trabalho em equipe. Os projetos são sempre orientados por professores e profissionais da área e o programa mobiliza anualmente cerca de 2.800 estudantes universitários e de ensino médio de todo o país. 

As competições

Baja SAE Brasil

O torneio consiste na disputa de desempenho entre protótipos de carros de corrida off-road (“fora da estrada” atividades esportivas praticadas em locais que não possuem estradas pavimentadas, qualquer estrutura urbana ou caminho de fácil acesso) desenvolvidos por alunos de engenharia, as equipes têm que atuar desde a criação até execução e conclusão do projeto. A competição de projetos Baja foi criado na Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos e a primeira competição aconteceu em 1976. No Brasil, foi realizada a primeira competição nacional em 1995, na cidade de São Paulo. Atualmente, as competições Baja acontecem à nível nacional e também regional. 

AeroDesign SAE Brasil

De acordo com informações retiradas do site SAE Brasil, o torneio é formado por três categorias diferentes: Regular, Aberta e Micro, com requisitos específicos aplicáveis à cada uma destas. De forma geral, a Categoria Regular possui maiores restrições, enquanto as categorias Aberta e Micro dão maior liberdade de projeto às equipes. As avaliações e classificação das equipes são realizadas em dois processos: Competição de Projeto e Competição de Vôo, onde os projetos são avaliados comparativamente por engenheiros da indústria aeronáutica, com base na concepção e desempenho dos projetos. Anualmente novos regulamentos são definidos baseados em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica como por exemplo, otimização multidisciplinar para atendimento de requisitos conflitantes, redução de peso através de otimização estrutural, instrumentação e ensaios em vôo dos protótipos, entre outros. 

Fórmula SAE Brasil

Nesta competição, os estudantes de cada equipe devem elaborar e produzir um carro protótipo em modelo de Fórmula 1 em tamanho reduzido, os modelos podem ser movidos a eletricidade ou combustão. Durante três dias de evento, os carros passam por provas estáticas e dinâmicas, avaliando a performance de cada projeto na pista, assim como as apresentações técnicas das equipes, que inclui projeto, custo, e uma apresentação de marketing. As equipes devem enviar previamente relatórios sobre os projetos que englobam vários quesitos, os relatórios são avaliados por engenheiros especialistas e já contam como a primeira avaliação do protótipo. No decorrer competição, as avaliações estatísticas devem constatar mais detalhadamente se o carro apresentado no projeto equivale com o apresentado no evento. Todas as provas são avaliadas de formas diferentes e o carro de melhor conjunto vence. As competições no formato Fórmula acontecem atualmente nos países Austrália, Itália, Inglaterra, Alemanha, Brasil e Estados Unidos.

Os projetos SAE dentro da Universidade Federal de Viçosa

A Universidade Federal de Viçosa oferece projetos em vigor para estas três modalidades de competição: UFVBaja Pererecas, Equipe Skywards UFVoa de Aerodesign e Fórmula UFVolts Majorados, todos vinculados ao Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica (DEP). Os protótipos e os modelos são inteiramente calculados, projetados e desenvolvidos pelos estudantes, com orientação dos professores. Todas as equipes são formadas por estudantes de diversos cursos, dentro e fora dos departamentos de engenharia. Além das partes técnicas, cada equipes possui também setores administrativos, onde é possível aumentar o contato entre os estudantes de ciências exatas e ciências humanas.

Com essa autonomia que os alunos tem de não apenas construir os modelos, mas  também de gerir integralmente a organização interna das equipes, desde a criação de regimentos internos, estipulação de prazos e metas. O custo para a manutenção destes projetos é alto, portanto os membros devem se organizar financeiramente. A UFV disponibiliza uma verba para cada um dos projetos, mas o valor ainda é insuficiente para a concretização dos produtos desenvolvidos por eles, o que faz com que os estudantes tenham que criar maneiras de arrecadar dinheiro por conta própria. Eles se organizam internamente em suas equipes para definir as melhores formas de arrecadação de fundos.

A Diretora Financeira do Fórmula UFVolts Majorados, Gabriela Toledo, explica como são feitas essas estratégias de obtenção de recursos idealizadas pelos alunos dos projetos.

Dentro dos projetos são desenvolvidas habilidades que caracterizam o aprendizado por extensão dentro da Universidade. Entrar em contato com disciplinas e conhecimentos que os estudantes dos primeiros períodos ainda não tiveram, desenvolver trabalhos práticos, criar network e estreitar relações com empresas nacionais e multinacionais da área, abrindo caminhos para o mercado de trabalho, são resultados da realização deste tipo de atividade.

Conheça as equipes

UFVBaja Pererecas

Bárbara Iamin é capitã da equipe UFVbaja Pererecas, que existe desde o ano de 2008 e possui 34 membros. A equipe tem como objetivo a produção de um carro a combustão off road, ou seja, um automóvel que foi projetado para competições e testes, ele não é utilizado no dia a dia. Ao longo dos anos, foram desenvolvidos oito protótipos do carro e durante esse tempo a UFV colabora com uma verba. Nos primeiros anos essa verba era alta e ajudava bastante o projeto, entretanto, nos dias de hoje ela é bastante reduzida, o que faz com que a equipe tenha que ir em busca de patrocínios por fora. 

A equipe já esteve presente em 13 competições FSAE e em 2018 conquistaram o décimo primeiro lugar na competição nacional. Dentro das competições acontece muita troca de experiência entre as equipes que se encontram dispostas a ajudar uns aos outros, é uma experiência única para quem vivencia. Bárbara relata um momento marcante para ela durante a última competição que participou com a sua equipe. “Na competição deste ano nós sofremos muitas quebras no carro e uma delas precisamos de um soldador para consertar o carro e voltarmos a competir. Como a nossa equipe não tinha máquina de solda, cilindro e nem soldador, procuramos entre as outras equipes alguém para ajudar e a disposição delas em ajudar foi incrível! O pessoal do CEFET deixou um membro a nossa disposição para soldar e ainda emprestou tudo para a gente e conseguimos consertar o que precisávamos”, diz.

Além da participação em competições, a experiência do dia a dia dentro da equipe também é de muito aprendizado. Segundo a Bárbara, fazer parte do projeto é como trabalhar em uma empresa, com curtos prazos para cumprir, orçamentos apertados, imprevistos e cobranças. Isso é essencial para o desenvolvimento humano das pessoas que precisam lidar com diferentes questões, pessoas e pensamentos dentro da equipe.  

Skywards UFVoa

A Equipe Skywards UFVoa de Aerodesign, que também desenvolve projetos dentro da UFV, existe há dez anos e nos dias de hoje conta com uma equipe formada por 28 membros e 22 trainees. Os integrantes da equipe trabalham na criação de um aeromodelo para competições. Já foram criados dez modelos de avião e todos foram levados para competir. A equipe já participou de nove competições da categoria e conquistou o quinto lugar no torneio de acessos.

Pedro Gurgel, capitão da equipe, relata que a universidade colabora apenas com o transporte dos membros nos dias de competição. Todos os outros custos para construção do avião e desenvolvimento do projeto são arcados pelos próprios integrantes. Durante as competições, Pedro conta que as equipes mantêm um contato bem saudável e que a competição não influencia na cooperação que se dá entre os competidores. Os jurados que avaliam os projetos também são muito atenciosos e sempre que possível colaboram tirando dúvidas das equipes. 

 

Fórmula UFVolts Majorados

Fundada em outubro de 2015, a equipe Fórmula UFVolts Majorados é a mais nova das equipes, ela possui hoje em dia 47 integrantes. Os orientadores são Lucas Benini, do DEP, Rodolpho Neves e André Tôrres, de Departamento de Engenharia Elétrica (DEL) e até hoje apenas um protótipo do carro elétrico foi produzido

A equipe Fórmula já compareceu em duas competições, entretanto não venceram nenhuma. Isso se deve ao fato da equipe ser muito nova e não foi possível levar o protótipo do carro para competir, isso fez com que eles fossem impedidos de concorrer a grande maioria dos pontos que foram distribuídos.

O capitão da equipe, Marco Antônio de Oliveira, conta que durante as competições os jurados são muito respeitosos e demonstraram muito profissionalismo. Em relação às outras equipes que competem, suas impressões são iguais as dos outros competidores, todos se ajudam compartilhando dicas e conhecimentos. 

Como a equipe é muito nova, o reconhecimento dos jurados e das outras equipes é muito importante para o fortalecimento do time, Marco Antônio relembra um momento importante que passaram durante uma competição: “Uma experiência marcante em 2017 (nossa primeira competição) foi na apresentação de business, uma prova em que simulamos uma empresa e fazemos uma análise de mercado para venda de carros de competição. O feedback dos juízes foi bem positivo, apesar das perguntas serem muito profundas e complexas. Conseguimos ficar, em pontuação, à frente de equipes com muito mais experiência, inclusive uma equipe colombiana.”.

Marco completou falando a respeito da importância da competição para os estudantes, na qual a maior vantagem de se participar da competição é que ela proporciona uma experiência totalmente diferente do que é trabalhado em sala de aula. A competição traz situações de muita pressão e avaliação muito rígida, o que requer muita responsabilidade e planejamento, já que há riscos reais de acidentes, além da busca pelo melhor projeto possível. Também proporciona a experiência de trabalho em equipe e organização da equipe como se fosse uma empresa, o que aproxima o estudante mais ainda do ambiente profissional.

 

 

Entre no QG das equipes

As equipes desenvolvem seus trabalhos no Laboratório de Engenharia (Labenge) do Centro de Ciências Exatas, dentro do campus da UFV. Cada equipe se reúne em uma sala cedida pelo professor coordenador do laboratório e se reúnem semanalmente para dar seguimento às atividades.

Confira o local de trabalho das equipes SAE da UFV:

Sala da equipe UFVBaja Pererecas:

 

Sala da equipe Skywards UFVoa:

 

Sala da equipe Fórmula UFVolts Majorados:

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Pesquisas de Conservação e Melhoramento Genético de Espécies Florestais Nativas http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/28/pesquisas-de-conservacao-e-melhoramento-genetico-de-especies-florestais-nativas/ http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/28/pesquisas-de-conservacao-e-melhoramento-genetico-de-especies-florestais-nativas/#respond Fri, 28 Jun 2019 02:14:37 +0000 http://www.jornalismo.ufv.br/focca/?p=1206
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Por: Salatiel Olive

Antonio Carlos Vieira

Daniel Caixeta

Gabriela Gouveia

A Universidade Federal de Viçosa desde os primórdios até os dias atuais tem um papel de destaque no desenvolvimento de tecnologias voltadas para o desenvolvimento agrário. O ensino florestal em Viçosa teve início em 1927, após a inauguração da Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV) em 28 de agosto de 1926, que contava, entre os seus 15 departamentos, com o Departamento de Silvicultura.

A Pós-Graduação em Ciência Florestal, na Universidade Federal de Viçosa, iniciou com o Mestrado em março de 1975 e em março de 1989 foi criado o Doutorado em Ciência Florestal.

Dados obtidos no site do Ministério do Meio Ambiente (MMA) deixam clara a importância das florestas brasileiras nos contextos sociais, econômicos e ambientais, através de uma série de bens e serviços oferecidos. “Manter as florestas em pé está entre as linhas de ações prioritárias do MMA.” Destaca-se também a atuação do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), responsável por atividades como concessão e manejo sustentável nos biomas.

MAPA DE BIOMAS BRASILEIROS

 

 

De acordo com o SFB, cerca de 61% do território nacional é coberto por vegetação nativa, distribuída nos 5 biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas e Pantanal. Cada um destes biomas possui características particulares, englobando desde áreas de campos naturais a florestas densas.

 

O Serviço Florestal Brasileiro, no desenvolvimento de seus trabalhos e na elaboração dos relatórios nacionais e internacionais sobre os recursos florestais do país, tem considerado como floresta qualquer vegetação que apresente predominância de indivíduos lenhosos, onde as copas das árvores se tocam formando um dossel. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) define que “florestas” são áreas que medem mais de 0,5 hectares, com árvores maiores que 5 metros de altura e cobertura de copa superior a 10%, ou árvores capazes de alcançar estes parâmetros in situ (no lugar).

Ainda segundo o SFB, O Brasil é o segundo país do mundo com mais áreas florestais. Com 463 milhões de hectares, o país perde somente para a Rússia. No Brasil, 17 de julho é o dia escolhido como o de proteção das florestas do País, data de suma importância para nos fazer refletir sobre os cuidados que devemos ter com a natureza.

 

 

De acordo com o site Brasil Escola, “o processo de desmatamento é um problema global, colocando em ameaça os recursos naturais, o meio ambiente e o equilíbrio ecológico do planeta”. Define-se desmatamento como “o processo de remoção total ou parcial da vegetação em uma determinada área”. Quase sempre, a causa principal dos desmatamentos está associada a fins meramente econômicos, como a utilização comercial descontrolada da madeira das árvores, o aproveitamento dos solos para a agricultura e a pecuária, atividades de mineração e construção de barragens para hidrelétricas.

 

No mundo, os primeiros a intensificarem a prática de desmatamento foram os países desenvolvidos, visando o incremento de suas economias após a ascensão do sistema capitalista. Relatam que muitas florestas do hemisfério norte foram praticamente dizimadas.

 

 

Na atualidade, os campeões em desmatamento, são os países de economias emergentes, que por mais que tentem controlar, o processo sempre acaba avançando à medida que suas economias evoluem. Segundo o relatório da Global Forest Watch, atualizado pela Universidade Americana de Maryland, o Brasil foi o país que mais desmatou florestas primárias em 2018. “Foi 1,3 milhão de hectares desmatados no país em um total de 3,6 milhões de hectares no mundo. Infelizmente, o presente se desenha ainda mais sombrio neste aspecto: só em janeiro de 2019, o desmatamento da Amazônia cresceu 54% em relação ao mesmo mês de 2018.” É incrível também a velocidade com que ocorre o desmatamento no Brasil. Em 2018 isso ocorreu como se 150 campos de futebol de floresta nativa desaparecessem a cada hora. E isso é muito crítico, uma vez que a mata nativa é de importância ímpar para a sobrevivência da biodiversidade e redução do aquecimento global.

 

Segundo levantamentos realizados pela Organização das Nações Unidas (ONU), atualmente são desmatados quase sete milhões de hectares por ano. Isso significa a perda não tão somente de vegetações, mas também de várias espécies animais, pois o seu habitat encontra-se cada vez mais diminuto. Com isso, o equilíbrio ecológico pode tornar-se ameaçado.

 

 

Outro grande problema verificado no Brasil, além do desmatamento é a degradação ambiental, presente em todos os biomas e regiões brasileiras, sendo mais intensa na Mata Atlântica, onde a ocupação humana é mais antiga. Dados do Departamento de Florestas do MMA apontam que o Brasil possui 140 milhões de hectares de áreas degradadas, isto é, terras abandonadas que são mal utilizadas ou estão em processo de erosão. Ainda segundo os especialistas do Ministério, caso essas áreas degradadas fossem recuperadas, não seria preciso derrubar mais nenhum hectare de floresta para a agricultura e a pecuária.

 

Antônio Aparecido Carpanezzi, pesquisador da Embrapa Florestas, cita que a recuperação de áreas degradadas é tema de vários projetos governamentais, entre eles o Programa ABC, que financia produtores rurais com esta finalidade. Segundo ele, “as metodologias de recuperação são pouco conhecidas, o que leva o produtor, muitas vezes, a cometer equívocos no processo de recuperação, perdendo um trabalho que leva anos para ser concluído”. É necessário que se conheça bem as características das espécies florestais adequadas e as formas de plantio que são fundamentais para o sucesso da recuperação. Para ele, o país conta com um passivo ambiental de áreas degradadas, áreas estas, antes utilizadas para agricultura e pecuária, e agora não mais usadas. Destaca que “a restauração florestal tem que ser vista como um cultivo, precisa ser planejada e empregar tecnologia”.

 

 

Recentemente, foi divulgado na mídia um trabalho desenvolvido no Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa sobre o desenvolvimento de tecnologia para produzir florescimento e frutificação de árvores nativas em tempo recorde, reportando a importância do método para a recuperação de áreas degradadas.

 

O autor da pesquisa, Gleidson Guilherme Caldas Mendes, membro do Grupo de Genética e Melhoramento Florestal (GenMFlor), falou-nos a respeito deste trabalho que foi o tema de sua Dissertação de Mestrado em Ciência Florestal, sob a orientação do professor Glêison Augusto dos Santos.

 

Segundo ele, “a exploração das florestas brasileiras tem ocasionado perdas em biodiversidade vegetal”. O certo é que, embora existam leis de proteção ambiental, que visam regulamentar os planos de manejo florestal, com critério para minimizar os impactos ambientais, grande parte das espécies que compõe nossas florestas são perdidas sem que tenham sequer sido estudadas. Perde-se assim, “diariamente, inúmeras possibilidades econômicas e sociais que a biodiversidade poderia trazer”.

 

É inegável a relevância das florestas nativas tanto do ponto de vista ambiental quanto aos aspectos sociais. Além de protegerem o solo, são responsáveis pela regulação do clima e pelo fornecimento de alimento e recursos florestais ao homem. “No entanto, ao mesmo tempo em que se identifica a relevante importância das florestas nativas, também se observa um progressivo processo de degradação desses ecossistemas, o que tem sido foco de preocupação internacional”.

 

Também não se pode contestar a importância das práticas de agricultura, exploração madeireira, construção de estradas, linhas de energia e hidrelétrica, mas tem-se que destacar que tais atividades devem ser planejadas para que se mantenha a sustentabilidade ambiental. “A falta de planejamento no uso dos recursos naturais tem como consequência seu esgotamento deixando-os indisponíveis para as futuras gerações”.

 

Em vista da grande demanda pela preservação ambiental, nos últimos anos muito se tem investido em reflorestamento com espécies florestais nativas. As agências ambientais brasileiras são responsáveis pelo licenciamento dos planos de manejo florestal e, tais concessões são feitas baseadas em critérios que buscam minimizar os impactos causados pela extração madeireira na diversidade de espécies florestais. No entanto, “para que haja sucesso nesses programas de reflorestamento, pesquisas voltadas para a geração de informações básicas como dinâmica desses ecossistemas, manejo e silvicultura, em especial na produção de sementes com algum grau de melhoramento, são necessárias, permitindo o estabelecimento de práticas que visem a sua conservação, recuperação e uso sustentável”.

 

A sobrevivência das espécies é seriamente ameaçada pela perda de diversidade biológica causada pelo desmatamento. Este fez com que ocorresse uma perda de mais de 90% do bioma da Mata Atlântica brasileira.

 

Ainda são escassos os investimentos em pesquisas voltadas para a seleção e melhoramento das espécies florestais nativas, visando o reflorestamento, se tornando uma grande desafio para o setor produtivo.“Nesse sentido, torna-se fundamental o desenvolvimento de estratégias de conservação e melhoramento genético que garantam a sobrevivência dessas populações, especialmente para as espécies endêmicas”.

 

Devido à relativa importância ecológica e econômica que as espécies florestais nativas exercem na sociedade, a proposta desse trabalho foi “estimar parâmetros genéticos para caracteres de crescimento e sobrevivência em um teste de progênies com seis espécies florestais nativas, para fins de formação de um banco de conservação genética, produção de sementes para reflorestamento, restauração florestal e melhoramento genético”.

 

Sabe-se que o melhoramento genético de espécies perenes necessita de um longo período, devido envolver vários ciclos de seleção e recombinação, sendo necessário cerca de 18 anos, como relatado para espécies do gênero Eucalyptus. “Através da propagação vegetativa, forma muito utilizada na silvicultura, pode-se antecipar a fase adulta dos indivíduos, o que permite a implantação de florestas com alta produtividade em áreas que antes eram consideradas inaptas, em virtude de limitações de material gênico”.

 

Um dos métodos de propagação vegetativa mais recomendado para as espécies tropicais visando à produção antecipada da floração para uso em programas de melhoramento genético, segundo o autor, é a enxertia. “As principais vantagens da técnica de propagação vegetativa pela enxertia são o florescimento precoce e copas com menores alturas, facilitando o trabalho de coleta de pólen, polinização e colheita de sementes”.

 

Foram utilizados como porta-enxertos neste trabalho mudas das espécies arbóreas nativas,  jacarandá mimoso, ipê roxo, mogno brasileiro, aroeira pimenteira, jequitibá rosa, sibipiruna e jacarandá. “As sete espécies quando propagadas vegetativamente via enxertia possuem desenvolvimento satisfatório e boa produção de brotações, que se traduz em maior vigor dos enxertos”.

 

 

 

Gleidson é taxativo ao afirmar que a técnica de enxertia aplicada às espécies florestais nativas “deve contribuir para futuros programas de conservação e melhoramento genético envolvendo espécies nativas, permitindo a melhor conservação de alelos com diversidade genética adequada e a custos compatíveis, a partir do florescimento e frutificação precoces e a presença de flores em baixa altura da planta”.

 

Pode-se concluir que a metodologia de “propagação vegetativa de espécies arbóreas nativas e pomares indoor e outdoor apresenta grande potencial para a conservação e melhoramento genético dessas espécies para fins de resgate de mudas em locais em fase de supressão de vegetação, bem como no reflorestamento comercial e restauração florestal”.

 

Para se ter uma ideia, pesquisadores e analistas de desastres ambientais estimam que o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019, devastou uma área verde de dimensões quilométricas. Monitoramento feito por satélite pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aponta que “cerca de 270 hectares de mata foram consumidos pela lama”. Para que a floresta destruída seja totalmente recuperada, serão necessários pelo menos cem anos, estima a Fundação SOS Mata Atlântica.

 

Outra tragédia ocorrida em Minas Gerais no final de 2015, de proporções ainda maiores que a anterior, foi o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, em que houve grande destruição de áreas de preservação permanente e vegetação nativa de Mata Atlântica.

 

Pode-se, nestes casos vislumbrar um alento para a recuperação de tais áreas devastadas com a tecnologia desenvolvida neste trabalho. Gleidson sente-se orgulhoso com os resultados obtidos nesta primeira etapa de uma pesquisa que irá se estender por mais alguns anos, em seu doutorado. Tem toda razão. Contribuir no desenvolvimento de métodos que visem auxiliar na recuperação de áreas devastadas pela ganância e imprudência do ser humano, merece toda nossa admiração e respeito. As pesquisas desenvolvidas com recursos públicos devem, acima de tudo, ir de encontro aos anseios da sociedade brasileira.

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Elas também estão na Ciência! http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/27/elas-tambem-estao-na-ciencia/ http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/27/elas-tambem-estao-na-ciencia/#respond Thu, 27 Jun 2019 19:49:41 +0000 http://www.jornalismo.ufv.br/focca/?p=1050 Mesmo que as produções das mulheres pesquisadoras ainda não sejam tão valorizadas quanto às masculinas, cresce o número de mulheres cientistas e preocupadas em promover mudanças sociais.

Bertha Lutz, cientista brasileira, foi uma das grandes responsáveis por abrir o caminho para que outras mulheres conseguissem ocupar espaços na Ciência. Foi por meio do feminismo que ela conquistou tal espaço social – o qual vem abrindo para que cada vez mais mulheres possam estar no âmbito da pesquisa. Em uma de suas frases, Bertha até afirma que “para a mulher vencer na vida, ela tem que se atirar. Se erra uma vez, tem que tentar outras cem. É justamente a nova geração a responsável para levar avante a luta da mulher pela igualdade”. 

Contudo, os desafios ainda são grandes: receber os mesmos salários, ter suas pesquisas reconhecidas e se livrar do sentimento de insegurança são alguns deles. Porém, segundo dados do Instituto de Estatísticas da Unesco, existem mais mulheres que homens nas universidades. Entretanto, em áreas de tecnologia, engenharia e matemática as mulheres somam menos que 50% entre os universitários. Isso é preocupante, pois além de serem carreiras fundamentais para o desenvolvimento científico e tecnológico do país, os maiores salários são recebidos nessas áreas.

Além disso, em um plano geral, no ano passado, as mulheres representaram cerca de 15% dos cargos no Congresso Nacional – número que se deve a uma lei de cotas e que fez com que alguns partidos, como o PSL (Partido Social Liberal), elegesse mulheres apenas para cumprir essa cota. Nos tribunais superiores de Justiça, as mulheres representam cerca de 18% das juízas de Suprema Corte, de acordo com dados de 2016. 

Ainda, cerca de 34% dos donos de negócios formais ou informais do Brasil são mulheres, o que representa 9,3 milhões de mulheres à frente de um negócio, conforme dados do Sebrae de 2019. Contudo, assim como na pesquisa, essas mulheres ainda passam por grandes desafios, principalmente na concessão de crédito, sendo seu valor médio de empréstimos cerca de 13 mil a menos do que é liberado aos homens. Além de  pagarem aproximadamente 3,5% a mais de taxas de juros que os homens.

Tais dados nos mostram que as mulheres são minorias em algumas áreas da vida social, porém quando se trata de cargos de docência, as mulheres representam 80% das professoras de educação básica (corresponde à educação infantil e ensino fundamental I e II); totalizando cerca de 1,8 milhão de profissionais. O quadro muda um pouco quando se refere ao ensino superior, local onde há melhores salários para docentes. Neste cenário, as mulheres representam menos de 50% do total de professores, segundo dados do IBGE de 2018.

Infográfico – Dados sobre a presença de homens e mulheres em alguns espaços de poder

Assim, trazemos o relato da Ana Beatriz Mauá, pesquisadora da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da Universidade de São Paulo:

O sentimento de insegurança não é motivado apenas pelo diagnóstico de que quanto mais alto o nível na carreira acadêmica, menor é a quantidade de mulheres. Sentimos, ainda, muitas vezes, em grupos de pesquisa e estudos, como nossas vozes por vezes são menos ouvidas em relação aos homens. Somos interrompidas, ou, aquela situação caracterizada de “mansplaining”, quando um homem tenta nos explicar um conteúdo que entendemos perfeitamente. A famosa “síndrome de impostora”, estudada por psicólogas e demais pesquisadoras nas ciências humanas, investiga de modo mais detido esses sentimentos que tomam conta de mulheres que atuam em esferas majoritariamente masculinas. Tenho sorte de minha área de especialização contar com muitas mulheres, as quais admiro tanto, inclusive, a minha orientadora, de modo que sempre tive incentivo, amparo e encorajamento para seguir com a pesquisa, além de participar de grupos de pesquisa em que sou acolhida e respeitada. No entanto, sei que, infelizmente, esta não é realidade de todas. Um segundo tema que gostaria de contar é a respeito do estudo de gênero no campo das ciências humanas. Embora seja uma temática crescente e cada vez mais necessária, ainda observamos resistência de alguns pesquisadores em relação ao entendimento da pertinência do tema. Ele pode ser considerado secundário, pouco preciso em termos teórico-metodológicos (embora haja uma ampla bibliografia que diga o contrário) ou, ainda, desnecessário, já que supostamente viveríamos em uma sociedade em que homens e mulheres possuiriam igualdade econômica, política, jurídica e social. Esses enfrentamentos muito explícitos são mais raros: o que observamos são desqualificações mais sutis, implícitas”.

Logo, ainda é muito comum ouvir frases que mostram que tal mulher foi a primeira a ocupar um determinado cargo, a primeira a publicar uma pesquisa em relação a um tema específico, a primeira a ser reitora de uma universidade, uma das poucas professoras universitárias, entre outras. Isto nos mostra que, apesar das mudanças, das lutas por igualdade e de uma maior consciência social, a desigualdade entre homens e mulheres ainda é muito grande; principalmente quando nos referimos ao âmbito da pesquisa. 

Mesmo com a discriminação em relação às mulheres, principalmente em lugares onde, historicamente, a predominância sempre foi masculina, o número de mulheres que está impactando positivamente as pesquisas e levando para a sociedade o que elas aprendem dentro das universidades está aumentando. Na tentativa de encorajar a produção, promover a inserção de cada vez mais mulheres e de demarcar a importância feminina nas pesquisas, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu que o dia 11 de fevereiro seria o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. 

Segundo matéria do site Agência Brasil, publicada em março deste ano, dos cerca de 53 mil artigos publicados entre 2014 e 2017 no Brasil, as mulheres são responsáveis pelas assinaturas de 72% deles. Porém, um dado alarmante revela que, por mais que as mulheres sejam responsáveis pela maioria das assinaturas, os homens são os que mais publicam. Além disso, segundo as discussões estabelecidas durante o Fórum Econômico Mundial, a cada 20 empregos, as mulheres só ganham um na área da ciência. 

Ainda assim, seguindo este viés, o Brasil está melhor do que outros países da América do Sul, como Argentina e Guatemala e do que Portugal, na Europa – nos quais a participação feminina nas pesquisas representa 67%, 66% e 64%, respectivamente.  

Letícia Ribeiro, estudante de Engenharia Ambiental na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e pesquisadora da área desde 2016, quando ingressou na faculdade, relata sobre os receios que tem todas as vezes que se depara com a colação de grau de seus veteranos. “A maioria dos formandos sempre está de terno e gravata. Isto me traz ainda mais receios sobre os espaços que terei como engenheira ambiental. Fico com medo de produzir e pesquisar muito, mas de não conseguir publicar e falar sobre a minha pesquisa por aí”. Ela conclui falando que, já sabendo dos desafios que precisarão ser enfrentados, mesmo que suas pesquisas não tenham credibilidade pelo fato de ser mulher, continuará produzindo-as, porque “só romperemos as barreiras quando mostrarmos que existimos”, completa Letícia. 

Em contrapartida, a Ana Carina, estudante e pesquisadora de Publicidade e Propaganda na Universidade de São Paulo (USP), conta que apesar de estar ciente sobre o cenário de pesquisa atual no Brasil e sobre as discriminações em relação às mulheres, vive em um contexto onde a maioria das pesquisas são realizadas por mulheres. “Isso não tira o fato de que precisamos romper barreiras. Mas me faz ter que pensar e sair da minha bolha, porque a realidade em que eu vivo é diferente da realidade em que o Brasil em geral vive”.

Como está o cenário das mulheres pesquisadoras na UFV (Universidade Federal de Viçosa)?

Na tentativa de melhorar o cenário da pesquisa no Brasil e diminuir cada vez mais as desigualdades entre os gêneros, tanto programas institucionais quanto projetos de extensão foram criados na UFV. 

Químicas, Físicas e Engenharias em Ação: Construindo Conhecimento 

Arquivo do Projeto

O projeto de extensão “Químicas, Físicas e Engenharias em Ação: Construindo Conhecimento”, surgiu como forma de incentivar a participação das mulheres nas áreas de ciência e tecnologia. Segundo a matéria específica sobre o projeto no FOCCA, “o processo de escolarização das mulheres é muito tardio quando comparado ao processo de escolarização masculino. Durante muitos anos coube às mulheres responsabilidades domésticas e trabalhos pouco valorizados. Quase não há registros de mulheres com contribuições científicas no passado, até porque as mulheres não podiam estudar”.

Por isso, o Projeto leva informação, promove discussões e incentiva mulheres da educação básica para despertar o interesse nelas desde cedo. 

PIBID

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é uma iniciativa que concede bolsas a alunos da licenciatura, a fim de promover o aperfeiçoamento e a valorização desses futuros professores e professoras. O Programa funciona em parceria com escolas públicas do ensino básico, tendo o objetivo de tanto aprimorar professores como de incentivar os alunos ao estudo por meio de experiências metodológicas e ensino-aprendizagem aplicados de modo diferente. 

Arquivo do projeto

Em Viçosa, o Programa atua em 14 escolas; levando conhecimento sobre as áreas de Educação Infantil, Pedagogia, Ciências Sociais, Educação Física, Física, Matemática, Química, Ciências Biológicas, Língua Inglesa, Portuguesa e Espanhola, entre outras. 

Em 2016, Letícia Junqueira, graduanda de Letras na UFV, atuou com o PIBID levando conhecimento sobre Literatura e Língua Portuguesa para alunos de uma das escolas participantes. Letícia relata que a experiência foi engrandecedora, porque, ao se falar de escolas públicas brasileiras, é difícil uma sala de aula onde a maioria lê e escreve bem.

“Acho que quando a gente mexe com as pessoas e quando temos oportunidade de nos inserirmos na pesquisa, não é só nós que nos tornamos pesquisadores: os alunos também. Eles amavam aprender e perguntavam muito, porque queriam saber cada vez mais. A pesquisa é muito essencial para a sociedade também, e sou muito grata por estar no meio dela, mesmo sabendo dos desafios”. 

Mulheres com Ciência UFV

O Mulheres com Ciência UFV é um grupo que busca diminuir a desigualdade de gênero no meio acadêmico, por meio do apoio e incentivo à meninas e mulheres para seguirem carreiras na ciência e permanecerem no ambiente científico mesmo em meio a todos os obstáculos. 

Arquivo do Projeto

É um projeto que existe desde 2017 e que se divide nas seguintes atividades: o Programa Institucional de Bolsas de Extensão Universitária (Pibex) específico chamado “De menina à cientista”, que atua na Escola Estadual Santa Rita de Cássia. As atividades nessa escola incluem visitas técnicas a laboratórios da UFV, atividades experimentais, roda de conversa e exibições de filmes. 

Alana Alves Rodrigues, mestranda em agroquímica e participante do projeto, conta que é feito um jogo de tabuleiro com os alunos da escola, chamado Pesca barbaridades que tem como objetivo mostrar as dificuldades que as mulheres enfrentam ao ingressar na carreira científica. 

Além do Pibex, o Mulheres com Ciência UFV, promove o “CineDelas”, o qual exibe e debate acerca de filmes que buscam representar as figuras femininas no meio científico; e também o “Café com Ciência”, evento que recebe pesquisadoras para falar sobre suas carreiras e dificuldades enfrentadas. 

Alana, também atuou como professora e afirma que “a pesquisa nos atualiza, nos prepara para pensar cientificamente. Ela também nos prepara para as questões que os alunos nos propõe em sala de aula, porque na pesquisa nos deparamos com questões que temos que resolver, temos que mobilizar nossos conhecimentos para alguma resolução prática. A Química é uma ciência muito empírica, então a prática laboratorial é imprescindível”

Percebemos que o cenário tem mudado, o que proporciona uma maior inclusão das mulheres na Ciência. Mas, o caminho a percorrer ainda é longo, como os dados e os relatos nos mostraram. E a preocupação com esse espaço social não está presente apenas na UFV, mas também em outras universidades, no âmbito nacional e mundial. Com incentivos às mulheres por meio de concessão de bolsas, de projetos de extensão e de uma maior visibilidade, o quadro pode ir se revertendo aos poucos. 

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Musicalização na infância: um investimento para a vida http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/27/musicalizacao-na-infancia-um-investimento-para-a-vida/ http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/27/musicalizacao-na-infancia-um-investimento-para-a-vida/#respond Thu, 27 Jun 2019 18:11:28 +0000 http://www.jornalismo.ufv.br/focca/?p=1125
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A música é fator elementar da vida. Os sons são naturais do mundo: da fala, das coisas, dos bichos; mas a sistematização das frequências sonoras e sua organização em melodias são trabalho do homem. Foi Guido D’arezzo, um monge que viveu na Itália medieval, que organizou as sete notas musicais como as conhecemos hoje. Combinadas, e com suas respectivas variações em sustenidos e bemóis, elas são capazes de abranger todas as canções existentes, nos permitindo transformar o que ouvimos em códigos no papel. Muito além disso, os ritmos nos fazem sonhar, desenvolver sensibilidade, nos conectar à nossa cultura, entre outras coisas. A música também nos permite uma série de atividades, como dançar, tocar um instrumento ou cantar. Com essa multifuncionalidade, ela é capaz de estimular e desenvolver um órgão essencial para toda a vida: o cérebro. 

É por isso que o contato com a musicalidade deve começar desde cedo, quando ainda estamos no berço. A canção de ninar acalma o bebê que chora e tranquiliza o que está assustado. Juntamente ao balanço do colo da mãe ou do pai, o bebê começa a apreender suas primeiras percepções sobre ritmo. Mais tarde, ele pode começar a dar passos maiores nesse sentido, aprendendo a cantar e a se mover de acordo com a melodia. Mas é quando a criança está em idade escolar que a música assume um papel fundamental na formação.

Segundo a professora de Ensino Fundamental Nilma Castro, trabalhar com músicas na escola ajuda as crianças na memorização e fixação das matérias, no desenvolvimento da fala e do vocabulário, entre outros. Esses resultados são melhor verificados entre os mais novos, com idade de 1 a 7 anos, que possuem maior capacidade de absorção. Além disso, Nilma relata que a música exercita a coordenação motora das crianças. “As canções sobre o corpo humano, como cabeça, ombro, joelho e pé, por exemplo, fazem com que elas mexam todo o corpo”, conta. 

 

 

 

De acordo com uma pesquisa realizada na Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, as crianças que assistem a lições de música possuem mais facilidade em escrita e leitura. Isso acontece porque os processos de ler um texto e aprender uma música são muito parecidos: utiliza-se da memória para decodificar os símbolos, sejam eles letras ou notas musicais em partituras, como evidenciado pela reportagem da Revista Crescer.

Na Universidade Federal de Viçosa (UFV), também são realizados estudos sobre esse assunto. O geógrafo Igor Lauriano de Souza Hilário desenvolveu, em 2017, uma pesquisa sobre musicalização infantil para sua monografia, sob orientação do Prof. Dr. André Luiz Lopes de Faria.. O estudo partiu de um projeto de extensão “Nas práticas dos acordes”, realizado na Escola Municipal Edmundo Lins, onde ele investigou como a música interferia no processo de aprendizagem da disciplina de Geografia. Para isso, entre outras atividades, ele apresentava canções sobre diferentes culturas e regiões do mundo.

O projeto contou também com diversas oficinas sobre as origens dos instrumentos musicais e suas influências na cultura, e teve práticas de ensino de violão, percussão, sopro, saxofone, teclado, guitarra, entre outros. “Isso trouxe mudanças positivas para os alunos, principalmente no comportamento, pois, além de trabalhar a atenção e o raciocínio, a aula de música faz com que eles sintam vontade de ir à escola”, conta ele. Além disso, o pesquisador destaca que a música pode ser uma importante ferramenta de ensino para os alunos com necessidades especiais, uma vez que auxilia na memorização e assimilação dos conteúdos.  

Ao final do projeto, Igor sorteou instrumentos musicais às crianças. Perguntadas se gostariam de continuar tendo aulas de música, todas responderam que sim. Outras questões aplicadas em formulário diziam respeito à percepção que os alunos haviam extraído das aulas. A maioria afirmou ter sido estimulada positivamente pelas canções e pelo método de ensino. Entre os alunos do segundo ao quinto ano, 28% alegaram ter percebido melhoras na atenção, 22% no raciocínio, 21% na coordenação motora, 17% na disciplina em sala e 11% na interação com os colegas e professores.  

Os resultados foram ainda mais expressivos entre os docentes da escola. 100% dos professores afirmaram que as aulas de música influenciaram no comportamento e no aprendizado dos alunos e proporcionaram conhecimento cultural, artístico e educacional. Também foi unânime a conclusão de que a música é importante no ensino-aprendizado e todos desejaram a continuidade do projeto. Em relação ao conteúdo de Geografia no ensino, 71,4% dos professores afirmaram que as aulas do projeto passaram com sucesso as noções de países e regiões diferentes. O texto completo da monografia pode ser conferido neste link

Igor apresentando os resultados de seu estudo

Também dentro da universidade, crianças de toda a comunidade viçosense têm a oportunidade de estabelecer contato com a música. O Coral Infantil da UFV, regido pelo maestro Ciro Tabet, conta com 36 integrantes com idades entre 7 e 15 anos. Além de ajudá-los a desenvolver seu lado artístico, o coral confere a eles a oportunidade de se apresentar no mais nobre palco da cidade: o Espaço Acadêmico Cultural Fernando Sabino. 

No dia 26 de maio, o grupo se apresentou com o espetáculo O Pianíssimo, de autoria do compositor Tim Rescala, que conta uma história que bem poderia ser real: um piano encantado que muda a vida das pessoas com suas melodias e harmonias fascinantes. O show lotou o Fernando Sabino e contou com uma diversidade de figurinos e cenários. Contudo, não foi a primeira vez que as crianças pisaram no palco. Anteriormente, elas já haviam encantado o público com Os Saltimbancos.

 

Longe dos holofotes, a história de O Pianíssimo se faz identificável. Geovana Freitas, 10, integrante do coral, diz que melhorou como pessoa depois que começou a cantar.  Sobre sua experiência se apresentando no espetáculo, ela diz que “sentiu um toque de magia”, e que, para ela, era como se fizesse parte da história encantada. 

Ciro Tabet confirma o poder “mágico” da música. “A pessoa que canta é mais alegre, mais feliz, porque ela traz para si esses momentos de cantar junto e de fazer o que gosta”, afirma ele, “sem contar com a interação com o público, que é sempre muito gratificante e proporciona um retorno ao nosso trabalho”. Ele destaca, também, que a dinâmica com as crianças é completamente distinta em relação à dos adultos. “Elas interrompem e fazem muitas perguntas, tudo para elas é um aprendizado novo”, relata. 

 

 

Os ensaios do coral infantil acontecem às segundas e quintas, às 18h30, na casa 2 da Vila Gianetti. Os interessados em participar devem ficar atentos à abertura de processo seletivo. Não é necessário possuir experiência prévia em coro. 

 

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GEAS: proteção de animais silvestres e a luta para sua sobrevivência http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/27/protecao-de-animais-silvestres-e-a-luta-para-sua-sobrevivencia/ http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/27/protecao-de-animais-silvestres-e-a-luta-para-sua-sobrevivencia/#respond Thu, 27 Jun 2019 14:48:09 +0000 http://www.jornalismo.ufv.br/focca/?p=1060
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A ação de ONGs e institutos que se mostram preocupados com a situação precária da ameaça de extinção de faunas específicas.

Já tendo se passado metade do ano de 2019, é visível a grande problemática envolvendo as políticas ambientais do governo de Jair Bolsonaro. A opinião pública é o termômetro para saber o quão preocupante são essas medidas, e segundo o IBOPE, 93% da população é contra a liberação da caça de animais. Com possível freio nas fiscalizações de atividades florestais criminosas e o fim das reservas legais, direcionamos nossa atenção não só para a amazônia em si, por ser responsável por absorver 10% do gás carbônico que é atualmente jogado no ar em todo o mundo, mas também para, especificamente, os animais silvestres.

Preocupantes, os números nos mostram que o tráfico desses animais em específico é o terceiro crime mais praticado no mundo. Essa atividade, segundo o Relatório Nacional Sobre o Tráfico de Fauna Silvestre, tira do seu habitat natural brasileiro cerca de 38 milhões de animais por ano e por fim movimenta de 10 a 20 bilhões de dólares nessa mesma janela de tempo. Dener Giovanini, coordenador geral da RENCTAS, uma organização não-governamental que luta pela conservação da biodiversidade, disse que nunca estivemos em uma situação tão crítica, perigosa e tão negativa no que diz respeito à proteção dos recursos ambientais brasileiros. “A situação é extremamente preocupante e com um cenário ameaçado no horizonte do país”. Podemos ver na pesquisa feita por 1.270 pesquisadores e divulgado no início deste ano pelo Instituto de Conservação da Biodiversidade Chico Mendes (ICMBio) que o Brasil atualmente possui 1.173 espécies da fauna em risco. Outras 318 espécies, por mais que não estejam tão perto assim do risco, também têm a existência ameaçada. 

Evidentemente que determinadas decisões tomadas pelo governo, atingem diretamente a preservação de espécies animais no país. E, nesse sentido, “preservar” não parece ser muito o foco da atual gestão executiva brasileira. Uma vez que o atual presidente, na época da campanha (2018), já defendia que o Ministério do Meio Ambiente fosse extinto, ou aglutinado ao Ministério da Agricultura.

Recentemente, o governo liberou mais 42 agrotóxicos para o uso no Brasil. Desde janeiro de 2019, essa gestão já contabiliza 239 novos produtos liberados, um recorde na história presidencial brasileira. Entre os itens autorizados, estão inúmeros que foram banidos pela União Europeia, e outros que foram definidos como “muito perigosos para o meio-ambiente”, pelo próprio governo.

Após ouvirmos e discutirmos tanto sobre o assunto durante o decorrer do ano, nós da Focca decidimos preparar um conteúdo que permitisse ecoar e transmitir a importância da proteção desses animais e da existência de órgãos que o faça. Como residimos na Zona da Mata de Minas Gerais, não foi difícil encontrar um nicho específico local para conversar sobre. Buscamos informações pontuais na internet, estudamos o assunto e pesquisamos sobre a situação geral antes de adentrar no ambiente específico da cidade de Viçosa. Entendemos que o risco que esses animais correm é a extinção de sua fauna. Com isso, todo o ecossistema sofreria com essa perda.

Um dos primeiros pontos desta nossa jornada foi o contato com Allexia Oliveira, graduanda em Medicina Veterinária e presidenta do Grupo de Estudos de Animais Silvestres (GEAS), que funciona dentro do núcleo agrário da Universidade Federal de Viçosa, e, atualmente, é orientado pelo professor da veterinária Tarcízio Antônio Rego de Paula. O projeto existe desde a década de 80, na UFV, e tem importância nacional nessa área de pesquisa. A discente contou que: “no segundo semestre iremos realizar um processo seletivo, e mesmo que seja um grupo de pesquisa sobre animais, formado por muitas pessoas da veterinária, biologia e zootecnia, nosso projeto é aberto para graduandos de qualquer curso da instituição.”

 

Apresentação da Dra. Lina Rosa Bustamante sobre obtenção de amostras espermáticas de animais selvagens durante a reunião geral do GEAS. (Imagem: FOCCA)

 

Prosseguindo, tocamos no X da questão já abordada no início desta reportagem. Existe uma ligação entre o tráfico local e o estrangeiro: o comércio interno de animais no país é representado em grande escala, facilitando assim a circulação dos comerciantes. Perguntamos a Allexia o que fazer para que o número de animais silvestre levados para o exterior diminua e ela nos disse que: “uma das alternativas para a resolução deste problema seria intensificar a fiscalização do tráfico interno”.

Quando se pensa sobre animais silvestres em Viçosa, é impossível não lembrar das capivaras que habitam o campus da UFV. Embora elas tenham sofrido um severo controle de população, ainda é possível ver uma ou outra por perto das lagoas. Além disso, nossa região é extremamente rica em aves silvestres. Espécies como o Frango D’água, Marreco e a Saracura Três Potes são comumente encontradas na cidade, isso sem citar a grande presença de mamíferos, como macaco Sauás e Saguís, inclusive em praças centrais do município.

O saguí-da-serra-escuro, que por muito tempo habita a região da Zona da Mata de Minas, está desaparecendo de Viçosa devido ao tráfico de outros animais que competem o território com ele. (Imagem: Reprodução/Portal Multiplix)

 

No início de 2019, o grupo de estudos iniciou uma nova jornada com a criação do projeto “Vivemos aqui”. A partir de rodas de conversa e de divulgação de conteúdo nas reder sociais – sobretudo no Instagram – a iniciativa visa expandir as formas de comunicação sobre educação e preservação ambiental. Desta forma, além do GEAS integrar alunos de diversos cursos que envolvem o estudo dos animais, promovem também a integração com toda a comunidade da região.

 

Confira o podcast sobre preservação dos animais silvestres na Zona da Mata mineira; gravado com a ex-presidente do GEAS Larissa Ávila, a diretora de educação ambiental do grupo Ana Clara Jalles, e com a atual presidenta, Allexia Oliveira.

 

De acordo com uma pesquisa do Instituto de Conservação da Biodiversidade Chico Mendes (ICMBio), divulgada em 2018, o Brasil contabiliza, atualmente, cerca de 1.173 espécies da nossa fauna sob risco de extinção. Desta forma, conhecer os hábitos alimentares de determinadas espécies e ver como elas dependem de ecossistemas que “muitas vezes” foram fagocitados pelas cidades – tendo em vista o panorama de catástrofe biológica – é o mínimo necessário para que a sociedade mantenha uma convivência benéfica entre humanos e animais.

Sempre temos em mente um teor protetor para com os animais, como já foi provado pela pesquisa apresentada acima no texto. Caso você não saiba como reagir e como socorrer um animal silvestre (ou não) após um acidente em alguma rodovia ou outro lugar remoto, Allexia nos dá algumas dicas para que tudo tende a ocorrer bem e para que o bichinho sobreviva e possa voltar pro seu habitat natural: “Além da polícia ambiental, que é o principal caminho, existem novas plataformas para registrar essas boletins. Existe o Sistema Urubu, um aplicativo da Universidade Federal de Lavras, que é uma forma de fornecer dados que são importantes não só para o estudo, mas também para saber como proceder nessas situações extremas”. Para maior conscientização, foi montado um site com números reais que mostram a quantia de mortes de animais em estradas em todo o Brasil. Você pode acessá-lo aqui.

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Projeto Aurita une cidade e universidade em prol do ambiente http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/27/projeto-aurita-une-cidade-e-universidade-em-prol-do-ambiente/ http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/27/projeto-aurita-une-cidade-e-universidade-em-prol-do-ambiente/#respond Thu, 27 Jun 2019 14:00:14 +0000 http://www.jornalismo.ufv.br/focca/?p=1113
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O sagui-da-serra-escuro, Callithrix aurita, é um primata do Novo Mundo pertencente à família Callitrichida, e à subfamília Callitrichinae, endêmico (nativo) da Mata Atlântica brasileira. Ele habita principalmente as florestas montanhosas dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e as regiões leste e nordeste de São Paulo.

Essa espécie geralmente vive em grupos de dois a sete indivíduos, com apenas uma fêmea dominante. Normalmente os irmãos mais velhos ajudam a mãe a cuidar dos mais novos, até que, adultos, encontrem novos parceiros e consequentemente formem outros grupos.

Embora distintos, é bem comum as pessoas olharem um sagui e acharem que se trata de um mico, pois todos são de certa forma “parentes” e popularmente macacos. Todos são primatas, mas vale ressaltar que os saguis se distinguem pelo tamanho menor, pesam em torno de 300g; a cauda longa (nunca em um formato preênsil); pela sua cabeça que é mais longa que larga; as unhas alongadas e com a forma de garras (exceto a do polegar) e a presença de 32 dentes, sendo oito incisivos, quatro caninos, doze pré-molares e oito molares.

O sagui-da-serra-escuro também é conhecido como sagui-caveirinha, devido a sua pelagem de coloração branca na face, semelhante a uma caveira. E é uma espécie que foi redescoberta no município de Viçosa, depois de duas décadas sem registros para a região; e sempre que são vistos na cidade chamam a atenção, ariscos e conhecidos por serem tímidos e arredios, toda oportunidade para registrar o momento em uma fotografia deve ser aproveitada, o que explica sempre pessoas observando e também com os seus respectivos celulares a postos, preparados para uma linda foto ou vídeo!

Em Viçosa vira e mexe há um leve tumulto na praça do Rosário e na Villa Gianetti (UFV) em especial, tumulto este com características em comum: pessoas olhando para cima, crianças maravilhadas, celulares a postos para “n” tentativas de fotos… o sagui-da-serra-escuro não imagina o quanto é querido por aqui, e de tão famoso e por infelizmente ser considerada uma espécie em extinção, ganhou um projeto inteiro só para ele, o Aurita UFV.

O Professoras do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Coordenador do Projeto, Fabiano Rodrigues de Melo falou sobre o os Auritas e sua importância:

O Projeto Aurita, hoje Centro de Conservação dos Saguis-da-Serra (CCSS), começou com o objetivo de descobrir se uma das 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo, o sagui-da-serra-escuro (ou aurita) (Callithrix aurita) estava extinto na microrregião de Viçosa. A espécie sofre grave perigo de extinção devido a vários fatores, como a mistura com outras espécies de saguis e a fragmentação da Mata Atlântica. Devido à grande comercialização de saguis nativos de outras regiões do Brasil, principalmente na década de 70 e 80, a cidade de Viçosa, assim como várias outras cidades do sudeste brasileiro, apresenta inúmeros grupos de saguis exóticos que competem com a espécie nativa da região, o aurita, dificultando ainda mais sua sobrevivência no ambiente fragmentado da zona da mata mineira.

O último registro de aurita em Viçosa havia ocorrido em 1995, sendo relatada a presença de apenas um animal isolado na zona rural de Viçosa. Com isto em mente, em 2017, o biólogo e hoje mestrando em Biologia Animal, Orlando Vital, finalizou um estudo, consolidado em sua monografia, sob orientação do professor Fabiano Rodrigues de Melo, e redescobriu a espécie em Viçosa. Na ocasião foi encontrado um grupo de 7 a 10 indivíduos em um espaço de 90 hectares na zona rural de Viçosa e a partir daí foi iniciado o Projeto Aurita – UFV que tinha como objetivo encontrar outras populações da espécie ameaçada de sagui e determinar ações que visassem a sobrevivência daquela população encontrada.

Em 2018, o Projeto Aurita-UFV foi aderido ao Programa de Conservação dos Saguis-da-Serra, iniciativa internacional que engloba alguns projetos, pesquisadores e colaboradores empenhados na conservação do Callithrix aurita e do Callithrix flaviceps (sagui-da-serra), espécie igualmente ameaçada, em todo o Brasil. A partir dessa parceria, obteve-se apoio e financiamento junto a zoológicos e instituições européias para criar o Centro de Conservação dos Saguis-da-Serra no campus da UFV. O centro visa a reprodução em cativeiro das duas espécies para posterior soltura na natureza, rendendo inúmeras possibilidades de pesquisas tanto in situ quanto ex situ, além de uma grande oportunidade de estágio para estudantes amantes da conservação. O CCSS se encontra instalado onde está a infraestrutura do Centro de Pesquisas de Animais Selvagens (CEPAS) do Departamento de Medicina Veterinária (DVT) da UFV. O DVT, junto com o Departamento de Engenharia Florestal (DEF) executam a coordenação do CCSS.

Atualmente, o CCSS conta com 25 integrantes, dentre eles alunos da Biologia, Medicina Veterinária, Engenharia Florestal, Engenharia Ambiental e Engenharia de Agrimensura. Dentre as atividades que são ali desenvolvidas, destacam-se as idas a campo, onde coletam-se dados para dissertações, monografias, etc. e os trabalhos de educação ambiental. O mestrado de Orlando Vital, por exemplo, tem como objetivo principal descobrir um padrão de ocupação dos saguis nos fragmentos florestais da região. Com isto, pretende-se filtrar as buscas para encontrar novas populações e conseguir lugares estratégicos para uma futura realocação de indivíduos nascidos no Centro. O centro se encontra em construção, sendo previsto o início dos trabalhos para o ano de 2020.

Todo esse processo de desenvolvimento do projeto que culminou no CCSS, desde 2017, foi iniciado com um aluno de graduação e um orientador, professor do Departamento de Engenharia Florestal da UFV (DEF) , permitindo que, em 2019, com um corpo multidisciplinar de mais de 20 pessoas envolvidas, com apoio e envolvimento nacional e internacional, reflete o quanto a pesquisa é moldada e como pode levar a falsa sensação de que, na graduação, pensa-se “pequeno”. Pode ser contraditório esse pensamento, mas antes de 2017, os membros do projeto nunca imaginariam que seria possível gerar tanta coisa em um intervalo de tempo tão pequeno, aqui em Viçosa, aqui no Brasil, principalmente nas condições atuais em que o país vivencia. Assim Orlando celebra o sucesso da empreitada “tudo isso é muito inspirador, faz a gente querer crescer mais, avançar mais, buscar novidades, expandir e compartilhar o conhecimento adquirido, dar oportunidades pra quem está começando, enfim, dá esperança que a pelo menos na área da conservação, é possível ter um pouquinho de esperança que as coisas possam dar certo” afirma.

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Além das atividades acadêmicas o Projeto Auritas visa a educação ambiental, buscando levar para a população da cidade e região, principalmente em alunos das escolas públicas, a importância de se conhecer as espécies nativas da região, o porquê do aurita estar em perigo, e alguns cuidados que se deve ter com o nosso meio ambiente. Nessa perspectiva o grupo vem estreitando relações com a cidade através de parceria com a Câmara Municipal de Viçosa que já recebeu o Professor Fabiano em uma de suas reuniões Ordinárias para tratar do tema, além de enviar representantes para reuniões dos Auritas. De acordo com a veterinária Mayara, membro do Projeto, os encontros tiveram como objetivo discutir a preservação ambiental no Município, em especial da espécie Callithrix Aurita, conhecida em Viçosa como sagui-caveirinha que se encontra ameaçada de extinção “temos aqui uma das 25 espécies de primatas mais ameaçadas do planeta, sendo assim precisamos agir para evitar isso”, disse. Para Mayara o apoio do Poder Público é fundamental nos próximos passos da equipe “precisamos mostrar para a cidade a importância dessa espécie e como cada morador pode ajudar nessa causa. Nesse sentido, a presença do Legislativo e da sociedade é imprescindível”, concluiu.

Outra ferramenta usada para envolver a população são as campanhas de conscientização feitas nas redes sociais do projeto, demonstrando que os animais não são um perigo a saúde humana, como no caso da febre amarela, em que existem casos de assassinatos de macacos por pessoas que creditam a eles a transmissão da doença.

Na opinião do coordenador do CCSS, professor Fabiano R. de Melo (DEF), desde sua criação, o projeto tem um potencial enorme, pois lida com conservação, educação, proteção a uma espécie ameaçada, que é um modelo de espécie-bandeira, manejo, educação ambiental e envolvimento comunitário “o projeto tem todos os ingredientes que estão na base de sustentação de uma universidade: ensino, pesquisa e extensão. Com um detalhe importante: lida com conservação de uma espécie em perigo de extinção, sua reprodução em cativeiro e a oportunidade de proteger florestas, com desdobramentos incríveis, como ações socioambientais, manutenção de serviços ecossistêmicos, entre outros aspectos interessantes”, afirma.

O professor Fabiano tem uma dica caso vejam os saguis:

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Trabalho de formiguinha http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/26/trabalho-de-formiguinha/ http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/06/26/trabalho-de-formiguinha/#respond Wed, 26 Jun 2019 23:35:29 +0000 http://www.jornalismo.ufv.br/focca/?p=956  

O ser humano é um ser social. Nos milhares de anos que ocupamos no planeta Terra nos adaptamos para sobreviver e conviver em grupos. Apesar de historicamente construirmos esse tipo de relação com outros seres humanos, muitos aspectos da vida em comunidade são  negligenciados em nosso cotidiano. A produção e o acúmulo de lixo, em especial, de plástico, é um forte indicador de que nos falta a consciência de que dividimos todos o mesmo lar e que é de responsabilidade de cada um prezar pela sua manutenção, uma vez que não há “lado de fora” para fazermos o descarte. Tudo é a Terra. Segundo uma reportagem da BBC, até 2015, aproximadamente 6,3 bi de toneladas de lixo plástico foram geradas e 79% desses resíduos foram acumulados em aterros ou na natureza. Se a proporção de crescimento do volume de produção e descarte do material se mantiver, em 2050 teremos 12 bi de toneladas de plástico acumulado.  

Além de relações complexas de produção e comercialização de tais materiais objetivando o lucro, e da falta de fornecimento de  serviços de coleta seletiva adequados, o problema do lixo aponta para uma questão de conscientização por parte das pessoas. É preciso compreender que o espaço público é para uso e, portanto, de responsabilidade de todos os indivíduos de uma sociedade ou comunidade e não apenas das instituições legalmente envolvidas. Reparos e manutenções cabem ao poder público mas é importante que o cidadão compreenda o seu papel não contribuindo para a depredação desses espaços. Segundo o jornal Globo,  no Rio de Janeiro em 2017 a depredação de patrimônios públicos custou pelo menos 75 milhões de reais, o que seria suficiente para manter funcionando seis Unidades de Pronto Atendimento por um ano. 

Os números são altos e a ausência da compreensão coletiva de ocupação e responsabilidade com o patrimônio público são grandes contribuintes para que a situação chegue a esse ponto. Igor Braz é estudante de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Viçosa e acredita que a construção senso de vida em comunidade é um caminho importante para lidar com esse tipo de problema. Ele é membro do Coletivo Formigas, um projeto de extensão da Universidade que realiza atividades sociais, educativas e intervenções em áreas comunitárias conforme o surgimento de demandas. Durante a história do Coletivo, a depredação do patrimônio têm sido um grande desafio. 

 

Coletivo Formigas

Em 2015, um grupo de estudantes do curso de Arquitetura se reuniu na tentativa de construir um Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (EMAU). O escritório é uma iniciativa de estudantes de Arquitetura que ocorre em todo o país e visa ampliar a vivência acadêmica se relacionando com as comunidades locais dos cursos. Na época os estudantes submeteram a ideia para um edital de projetos de extensão, que foi aprovado e viabilizou a compra de diversos equipamentos para o funcionamento do escritório. No entanto, o grupo acabou percebendo que um EMAU não seria tão interessante para a proposta que eles tinham e acabaram assumindo a forma de um Coletivo Interdisciplinar, o Coletivo Formigas. 

Bruna Martins, arquiteta, participou do grupo que fundou o coletivo e lembra que, na época, a inexperiência e escrita do projeto fizeram com que o processo fosse bastante desafiador, além da dificuldade para alcançar estudantes de outros cursos para o projeto. Bruna nota que essas adversidades se fazem presentes até hoje no coletivo, que possui cerca de 40 membros, ainda protagonizado pela Arquitetura, mas destaca que é muito interessante perceber o aprendizado e transformação do grupo com o passar dos anos. “Apesar disso, o grupo se manteve pela força de vontade de conseguir algo legal e que tivesse um impacto positivo na comunidade que iríamos trabalhar”, conta. O Coletivo busca empoderar os moradores das comunidades, ser um facilitador para seus sonhos e mostrar como trabalhar de forma colaborativa pode alterar a realidade de forma positiva independente de instituições governamentais. 

A primeira atividade realizada pelo Coletivo foi a construção de um parque de paletes na comunidade do Laranjal. O grupo entrou em contato e trabalhou a ideia em conjunto dos moradores, por fim,  em mutirões construíram o parque. Igor conta que cerca de um ano e meio depois atearam fogo na estrutura. Ainda no mesmo bairro, construíram outro parque em uma escola, por meio de metodologias participativas com as próprias crianças e em dois finais de semana o parquinho estava construído. No segundo semestre o grupo retornou e, com exceção dos brinquedos mais fixos no chão, muita coisa havia sido destruída. O estudante acredita que eles, enquanto coletivo, também possuem esse objetivo de fomentar o cuidado com o patrimônio público por meio do senso de comunidade, e nesses dois casos acabou não dando certo. Segundo ele, o grupo está sempre pensando e trabalhando para que, ao final de um projeto, a comunidade tenha construído esse espírito. 

Fotos: Coletivo Formigas

O que aconteceu nesses dois projetos, contudo, não reflete a totalidade de todos os espaços públicos da cidade. Na comunidade do Fundão (São José do Triunfo), por exemplo, existe uma grande articulação por parte da população. “Além de ter um presidente de bairro, eles tem uma verba para manter um funcionário que faz manutenção semanal da praça pública em frente à igreja.  Então é um bom exemplo do que a população é capaz quando se organiza e trabalha de forma coletiva”, conta Bruna. 

 

Reformando Sonhos

Esse ano, em parceria com o projeto social Luann Vive, o Coletivo Formigas foi até a comunidade quilombola do Buieié para construir uma casinha de madeira para o projeto Crianças do Futuro. O projeto atualmente funciona na casa de Carminha, moradora da comunidade que, atentando aos pedidos da filha, que na época era uma criança, fundou uma biblioteca comunitária na própria casa. A casinha servirá de apoio ao Crianças do Futuro, como espaço de lazer, entretenimento e leitura. Durante a ação social foram realizadas também atividades recreativas com a comunidade. Os materiais foram arrecadados durante a campanha pelos membros do Luann Vive e a construção foi feita em 3 finais de semana em um trabalho coletivo entre a comunidade e os dois projetos. 

Fotos: Luann Vive

Igor conta que esse foi o maior projeto do Coletivo até o momento.  Mariana Morais é estudante de Medicina Veterinária na UFV  e membro do projeto Luann Vive, para ela a construção da casinha foi um momento de aprendizado imensurável: “Ter participado da ação social no Buieié e hoje ver o resultado de como a casinha ficou é muito gratificante e me faz ter muito orgulho de participar de um projeto como o Luann Vive. E eu aprendi muita coisa lá, coisa que eu nunca imaginei fazer na minha vida, como pegar em uma enxada, nivelar um piso, colocar cimento, tijolo, rejunte, etc. E além de eu sentir tanto orgulho do resultado do projeto, me fez valorizar o trabalho dessas pessoas que fazem isso todos os dias por que é um trabalho bem pesado”, relata.

Durante esse ano o Coletivo ainda pretende trabalhar com a comunidade da Barrinha, onde existe a necessidade de construção de um espaço público voltado para mulheres e um espaço público que atenda demandas diversas. Além disso, pretendem trabalhar na Escola Estadual Raul de Leoni, no bairro Santo Antônio. As atividades na escola são bem parecidas com as desenvolvidas na escola do Laranjal: construção de parquinho e revitalização da área externa da escola. 


Transformar espaços e a si mesmo

Durante sua passagem pelo coletivo, Bruna percebeu um aspecto fundamental para que o projeto alcance seu potencial de impacto positivo em Viçosa. Segundo ela, é essencial que a comunidade queira a presença e atuação do coletivo: “ O sentimento da necessidade de transformação é o primeiro passo para um bom resultado, quando ele não existe, nada flui, e é nesses lugares que, por enquanto, não seremos necessários ou importantes, até que essa mudança de consciência passe a existir.” O Coletivo é importante quando a comunidade precisa de ajuda, sabe que pode fazer algo mas não sabe como. 

Hoje graduada, Bruna conta que participar do Coletivo foi fundamental para sua formação. “Graças ao Coletivo e todas as experiências e aprendizados que acumulei no processo, que hoje sei o que quero ser como profissional, sem contar todas as pessoas maravilhosas que conheci nas comunidades e nos evento”, relata. “Não foram só acertos e nem foi fácil, mas valeu muito a pena!”, completa. 

Para Igor, o que é mais marcante em estar no Coletivo é a possibilidade de ampliar o contato com a realidade. Segundo ele “em sala de aula você só vai ver na teoria, não vai ter contato com essas comunidades então vai ter só esse pensamento. Para um estudante estar no Formigas é maravilhoso”.

O Coletivo Formigas acredita que o esforço contínuo, como um trabalho de formiguinha, é uma ótima forma para se construir uma rua, um bairro e uma vida melhores. Cada mão tem um papel fundamental nessa construção e quando todos decidem ser mais “formigas”, o coletivo todo ganha.  


Fotos: Luann Vive

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Precisamos falar sobre ciência http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/05/16/precisamos-falar-sobre-ciencia/ http://www.jornalismo.ufv.br/focca/2019/05/16/precisamos-falar-sobre-ciencia/#respond Thu, 16 May 2019 14:32:12 +0000 http://www.jornalismo.ufv.br/focca/?p=489
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Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação vem sofrendo sucessivos cortes, o que coloca em risco o desenvolvimento do Brasil

 

Todo país desenvolvido parece concordar que a ciência é fundamental para o desenvolvimento e para a soberania nacional. Nos Estados Unidos, por exemplo, o investimento em ciência, tecnologia e inovação é de cerca de 2% do PIB (Produto Interno Bruto). Já na Europa, o percentual gira em torno de 3%. Esse não é o caso do Brasil.

O Brasil investe menos de 1% do PIB nessas áreas, percentual que tende a ficar cada vez menor com os cortes que vêm sendo anunciados pelo governo. A justificativa é a falta de dinheiro.

O sucateamento da ciência brasileira teve início em 2014, durante o segundo governo Dilma Rousseff, quando o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) passou a sofrer cortes constantes. Essa situação se agravaria ainda mais durante o governo Temer, que fundiu a pasta com a das Comunicações, surgindo, assim, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Além disso, a pasta sofreu um contingenciamento de 44% do orçamento previsto para 2017. No ano seguinte, mais cortes.

Durante o segundo turno das eleições para a presidência da República, tudo indicava que a ciência voltaria a receber investimentos. Em resposta aos questionamentos feitos pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o então candidato Jair Bolsonaro prometeu um orçamento de R$ 10 a 15 bilhões para o MCTIC ao longo de seu mandato.

“Nós passamos por um momento muito difícil de crise no país, como todos sabem. Cada centavo de gasto tem de ser muito bem “pensado e justificado”. Mas CT&I [ciência, tecnologia e inovação], no nosso ponto de vista, não é gasto, é investimento. Olhe para todos os países desenvolvidos. O que eles fazem nos momentos de crise? Investem mais em CT&I! Eles sabem que o ROI [retorno sobre investimento] na CT&I como ganho social para a população é muito grande. Vamos fazer isso no Brasil também”, afirmou Bolsonaro.

No entanto, nos quatro primeiros meses de seu governo, Bolsonaro já anunciou um corte de 42% (o equivalente a R$ 2,1 bilhões) no orçamento do MCTIC. Esse corte atinge em cheio as universidades públicas, as maiores produtoras de conhecimento científico do país.

De acordo com dados da base Web of Science compilados pela Clarivate Analytics, das 50 instituições que mais publicaram trabalhos científicos no Brasil nos últimos cinco anos, 43 são universidades públicas, 5 são institutos de pesquisa, 1 é instituto federal e apenas 1 é uma universidade privada. A Universidade Federal de Viçosa (UFV), por exemplo, aparece na 15ª posição, com um total de 5.543 trabalhos científicos no período.

A boa colocação da UFV em rankings internacionais se dá, em grande parte, pela publicação de estudos dentro e fora do país. Entretanto, observa-se que existe um padrão entre o menor repasse de verbas e uma queda na quantidade de publicações anuais.

Número de publicações totais da UFV nos últimos 10 anos.

Em 2010, o país atingiu o ápice em investimentos na educação, aproximadamente R$8,6 bilhões (em valores corrigidos, quase R$10 bilhões), resultando num aumento considerável no número de publicações. Em contraponto, no ano de 2018 por exemplo, ano em que os cenários econômico, político e social do Brasil estavam em crise, a diferença entre a quantidade de publicações da UFV teve uma das maiores quedas entre os últimos anos. Ou seja, além da falta de manutenção nas instalações físicas da universidade, a falta de recursos reverbera na diminuição da produção científica da universidade, gerando prejuízos não somente à instituição mas também para todas as atividades relacionadas à pesquisa científica.

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal agência de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país, vive uma situação precária. O órgão, que financia cerca de 80 mil bolsistas e 11 mil projetos de pesquisa, entrou em 2019 com um rombo de R$ 300 milhões no orçamento. Em função disso e do novo corte no MCTIC, o CNPq não conseguirá fazer o pagamento das bolsas até o fim do ano.

Metade dos bolsistas recebem bolsas de iniciação científica ou tecnológica, cujos valores variam entre R$ 100 e R$ 400. Já os bolsistas de mestrado e doutorado recebem, respectivamente, R$ 1.500 e R$ 2.200. O último reajuste foi feito em abril de 2013.

Um dos problemas que pós-graduandos bolsistas vêm enfrentando é o atraso no pagamento das bolsas, uma vez que, para receber o auxílio, o estudante assina um contrato se comprometendo a se dedicar exclusivamente ao seu projeto de pesquisa, não podendo trabalhar fora dele. Com os constantes atrasos e sem poder trabalhar até terminar sua pesquisa, muitos jovens cientistas estão enfrentando dificuldades para permanecer na área e até mesmo para sobreviver.

John Coimbra, mestrando em Biologia Celular e Estrutural, se mudou de outra cidade para estudar na UFV e teve sua rotina de pesquisa prejudicada pela falta de pagamento do auxílio. Segundo ele, “a bolsa não é só para a gente sobreviver, ela também auxilia na participação de eventos científicos e simpósios. A gente sabe que isso pesa no final do mestrado ou doutorado caso tenhamos uma vida acadêmica insuficiente. Alunos contam com essa bolsa para realizar esse investimento científico e pessoal. A falta dela impede esse investimento e acaba afetando também coisas básicas como alimentação”, conta.

Uma das consequências do sucateamento da ciência brasileira é que cientistas estão deixando o Brasil para realizar seus trabalhos em países que ofereçam melhores condições, fenômeno conhecido como fuga de cérebros. Com isso, pesquisadores brasileiros passam a contribuir para o desenvolvimento de outras nações, enquanto a nossa fica cada vez mais atrasada em comparação às demais.

“A questão da ciência e da tecnologia é fundamental para o desenvolvimento de qualquer país. Israel é um grande exemplo, a Coreia do Sul é outro grande exemplo. Em menos de 50 anos, esses dois países deram saltos tecnológicos e mudaram toda a economia e a própria sociedade em virtude de investimentos em ciência e tecnologia. Esse é um aspecto no qual o Estado brasileiro tem sido historicamente inerte, omisso, e isso explica muito o nosso atraso em várias áreas. Então deveria ser uma política de Estado porque ela gera desenvolvimento econômico e social, como podemos ver em Israel e na Coreia do Sul”, afirma Bernardo Pimentel Souza, professor do Departamento de Direito da UFV.

 

Entenda como funciona a hierarquia de poder que rege a ciência e a pesquisa pública no Brasil

Naturalmente, as decisões políticas são o principal instrumento de regulação dos investimentos na educação e, sobretudo, na pesquisa científica do país, uma vez que tanto o poder legislativo quanto o executivo implementam e operam os trâmites legais que delimitam a parcela do orçamento nacional que será destinada para esse setor (atividade prescrita no artigo 165 da constituição federal de 1988).

Não obstante, a forma, o local, bem como a estrutura educativa que será adotada, seguem em confluência com uma determinada intenção política. Em suma, um presidente, junto à sua equipe de ministros, deve decidir como os gastos públicos serão administrados, bem como os lucros do tesouro serão alocados. Todavia, essa decisão deve passar, impreterivelmente, pelo crivo do poder legislativo, o qual decidirá sobre a matéria.

Economicamente falando, existem duas possibilidades primordiais que norteiam a forma como um governo aplica esses investimentos: empreendendo em eficácia ou em equidade. No primeiro conceito, a receita pública é, majoritariamente, destinada ao desenvolvimento industrial e produtivo do país, intentado um maior crescimento superavitário da economia. Já no outro espectro, o conceito de equidade diz respeito às políticas públicas que assistem à comunidade, de forma que as oportunidades se deem em uma configuração mais justa.

Desta forma, ambos são essenciais para que o sistema funcione. Posto que uma nação com um planejamento de desenvolvimento eficaz gera riquezas para que essas possam ser, posteriormente, investidas em ações públicas. Do contrário, uma sociedade que promove a fomentação de ações distributivas de recurso, promovem o incentivo ao avanço científico da educação.

Mas por que isso é importante? Uma vez que um determinado governo decide optar mais por uma diretriz em detrimento da outra, decorre-se um desequilíbrio na estrutura pública.

Ouça o podcast com a participação do professor do Departamento de Direito Bernardo Pimentel Souza.

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