A Universidade Federal de Viçosa, ao longo de sua história, sempre se notabilizou pela qualidade de suas pesquisas na área de Ciências Agrárias. Nos últimos anos outras áreas de conhecimento têm se destacado também neste quesito, como é o caso do Departamento de Física (DPF) que tem se mostrado eficiente no desenvolvimento do campo científico, com pesquisas em tecnologias de ponta.

Encontra-se em construção na UFV o edifício do IDATA – Instituto de Análise e prospecção de Dados e Metadados, ao lado do Banco do Brasil que, entre outros, abrigará o Centro de Nanoscopia, com Laboratórios de Microscopia Eletrônica, Microscopia de Força Atômica, Microscopia de Transmissão, Microscopia Ótica, voltados para a caracterização de amostras biológicas e outros materiais.

O professor Clodoaldo Araújo, do Departamento de Física, retornou de seu Pós-Doutorado em Memórias Magnéticas de Acesso Randômico (MRAM), realizado em Grenoble, na França, e tem colocado em prática os conhecimentos adquiridos em trabalhos nesta área aqui na UFV.

Graças ao apoio da UFV e dos órgãos de fomento FAPEMIG, CAPES e CNPq foi inaugurada recentemente, a sala que irá alocar o Laboratório de Nanofabricação, onde deverão ser fabricados tais dispositivos, o primeiro no Brasil, no prédio onde se localiza o DPF.

São inúmeras as referências neste assunto, hoje muito pesquisado em todo mundo, uma vez que tais memórias despertam um enorme interesse devido à manutenção dos dados na falta de energia, ao baixo consumo e ao seu potencialmente baixo custo.

Entender as MRAM torna-se fácil quando se tem um conhecimento básico de eletromagnetismo. De acordo com informações obtidas no site Inovação Tecnológica, as Memórias Magnéticas “baseiam-se na manipulação da magnetização de materiais para armazenamento dos dados, em vez das cargas elétricas usadas nas RAM tradicionais.”

No mesmo site, encontra-se que, pesquisadores melhoraram em mil vezes a eficiência energética das memórias MRAM ao usarem uma tensão elétrica em lugar de um fluxo de corrente elétrica para gravar dados. “Estes dispositivos são memórias magnetoelétricas, uma memória híbrida que não perde os dados na ausência de energia, o que significa que os computadores poderão ter uma inicialização instantânea – será ligar e usar.”

Visando substituir as atuais memórias usadas em computadores, celulares e uma infinidade de outros aparelhos eletrônicos, as Memórias Magnéticas possuem uma série infindável de potencialidades que têm sido aprimoradas, tornando-as altamente promissoras para esta permutação.

Segundo pesquisadores da área, em matéria do site “elas são muito mais rápidas do que outras memórias não-voláteis, como as memórias flash usadas pelos pendrives e cartões de memória, além de maior densidade, guardando mais dados em menos área.”

Pedram Khalili, Professor Associado Universidade da Califórnia em Los Angeles, destacado pesquisador nesta área, citado pelo Inovação Tecnológica afirma que “uma vez transformadas em um produto, as vantagens das MeRAMs em relação às outras memórias não se limitarão à sua baixa dissipação de energia; igualmente importante, elas permitirão a construção de memórias RAM extremamente densas, o que poderá abrir novas áreas de aplicação onde o custo e a capacidade atualmente são limitadores.”

No Departamento de Física da UFV já existe um Laboratório voltado para a caracterização microscópica dos dispositivos que utilizam a memória magnética. Clodoaldo Araújo nos falou que, atualmente, os estudos de avaliação das propriedades destas memórias têm sido feitos com amostras que foram fabricadas no INL – International Iberian Nanotechnology Laboratory, localizado em Braga, no Norte de Portugal, por um de seus orientados.

Com a inauguração do Laboratório de Nanofabricação, com os equipamentos já adquiridos e outros recursos que já estão empenhados, as pesquisas com Memórias Magnéticas de Acesso Randômico serão alavancadas, fazendo com que a Universidade Federal de Viçosa se destaque ainda mais na área de Ciências Exatas.