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Top 5 | Filmes Desconhecidos Dignos de Oscar

Quer assistir a algum filme que fuja dos padrões hollywoodianos? Seu desejo acaba de ser realizado

Enquanto algumas obras são aclamadas pela crítica e reverenciadas pelo público, outras ganham destaque com personagens pouco cativantes, enredos superficiais, atuações questionáveis, efeitos especiais de baixa qualidade e narrativas polêmicas. Do extremo dos melhores ao extremo dos piores, são vários os filmes que ganharam popularidade, seja em premiações aclamadas como o Oscar e o Globo de Ouro, seja em premiações de tom satírico como o Framboesa de Ouro. Porém, em meio às redondezas do conhecido, há também os longas que não receberam o devido reconhecimento.

Tanto por apresentarem diretores estreantes ou desconhecidos quanto por introduzirem elementos narrativos inovadores, podendo causar desde admiração até um certo tipo de estranheza, muitas são as pérolas cinematográficas camufladas nos streamings. Pensando nisso, confira a seguir cinco filmes pouco conhecidos, mas dignos de Oscar.

5-  Em silêncio (Hwang Dong-hyuk, 2011)

Baseado no livro The Crucible de Gong Ji-Young, Em Silêncio trata-se de um filme sul coreano protagonizado por um jovem professor chamado Gang In-ho, o qual foi contratado para lecionar em uma escola para crianças surdas. Ao longo do enredo, o personagem, após descobrir casos de abusos sexual e emocional cometidos pelo corpo docente contra os estudantes, inicia uma luta junto a uma ativista de direitos humanos para dar um fim ao ciclo de abusos e responsabilizar os culpados, enquanto tenta assegurar a proteção das crianças.

O romance The Crucible, lançado em 2009, retrata uma história real marcada pela ocorrência de inúmeros casos de abuso sexual na escola Gwangju Inhwa para surdos na Coréia do Sul, sendo isso traduzido para a área cinematográfica de forma explícita e sombria, com o uso de cores mais neutras na construção de uma atmosfera sufocante e apelativa. Tais artifícios corroboram no desenvolvimento de cenas tensas envolvendo os professores e as crianças, as quais, por serem portadoras de uma deficiência, auxiliam na transmissão de um sentimento de desespero e horror para o público.

Com classificação indicativa para maiores de 18 anos, o filme teve maior reverberação em seu país de origem, recebendo diversas indicações para prêmios como o Blue Dragon Film Award e o Grand Bell Award, tendo sido vencedor do Blue Dragon Film Award for Best Music.

Reprodução: Internet

4- Dente Canino (Yorgos Lanthimos, 2009)

Com a direção de Yorgos Lanthimos (Pobres Criaturas, O Lagosta e A Favorita), Dente Canino apresenta ao público uma família grega disfuncional, sendo o patriarca o único que mantém contato com o mundo externo, enquanto os filhos, apesar de adultos, são mantidos em uma casa isolada sob a promessa de poderem sair quando os seus dentes caninos caírem. No entanto, após terem contato com algumas das coisas a que foram proibidos, os jovens começam a se rebelar contra a criação autoritária e superprotetora que os pais os submeteram.

Com o uso majoritário de cores frias na construção da pequena porção de mundo que os jovens têm acesso, a narrativa se desenvolve por meio da rotina pacata dos filhos na casa, desde momentos de confraternização a cenas que desafiam aquilo que o espectador considera como certo e errado, principalmente levando em conta que 80% do longa está confinado no interior da casa.

Embora não seja tão conhecido entre os amantes do cinema, a produção grega foi indicada ao Oscar de Melhor Filme Internacional e foi vencedora do Prêmio Um Certo Olhar (prêmio que visa reconhecer filmes mais atípicos, destacando talentos novos e obras mais inovadoras).

Reprodução: Internet

3- O Castelo de Vidro (Destin Cretton, 2017)

Apesar de um elenco composto por grandes nomes da indústria cinematográfica, Brie Larson (O Quarto de Jack), Naomi Watts (O Impossível), Woody Harrelson (Jogos Vorazes) e Sadie Sink (Stranger Things), o longa O Castelo de Vidro passou despercebido em sua época de estreia. 

Com a direção de Destin Cretton (Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis), o filme trata-se de uma adaptação do livro de mesmo nome de autoria da estadunidense Jeannete Walls. Ao longo das mais de 300 páginas, a autora descreve, alternando o presente com memórias do passado, sua história de vida, tendo crescido em um lar disfuncional, marcado pela presença de um pai alcoólatra e com mudanças repentinas de humor, uma mãe negligente e seus três irmãos. Apesar disso, tanto o filme quanto o livro desenvolvem o enredo como uma história de resiliência e superação por parte da protagonista, a qual passou por diversas situações de precariedade quando criança, incluindo a fome.

Quanto ao título da obra, durante o desenrolar dos flashbacks é possível observar que a família mantém-se unida sob a promessa de um dia conseguirem construir uma casa própria, a qual é mencionada pelo pai da personagem como sendo um “castelo de vidro”, em razão da moradia ser planejada com paredes de vidro. 

Reprodução: Internet

2- Oddity (Damien Mc Carthy, 2024)

O destaque quase supremo da indústria cinematográfica estadunidense faz com que o lançamento de obras advindas de outros países seja abafado, por mais que estas apresentem uma ideia original, destrinchando-a, ao longo do filme, em camadas cuidadosamente separadas ou, até mesmo, mescladas entre os horrores físico e psicológico. Esse foi o caso de Oddity, um filme irlandês produzido pelo diretor Damien Mc Carthy, cuja história inova ao trazer uma abordagem diferenciada em relação a alguns dos temas mais presentes em filmes de terror, a bruxaria. 

Oddity apresenta Darcy, dona de uma loja de itens amaldiçoados que, após o assassinato brutal de sua irmã gêmea Dani (ao abrir a porta de sua casa para um dos ex-pacientes do seu marido) arquiteta um plano de vingança utilizando os objetos assombrados do seu antiquário, incluindo um misterioso boneco de madeira.

Para além da meta de chocar o público alternando entre o uso de objetos de aparência macabra, sangue e entidades paranormais, e o auxílio do não dito (gestos exagerados, entonações de vozes, expressões horrorizadas e ambientações densas), diferentes contextos vão sendo desenvolvidos a fim de aprofundar os personagens, bem como toda a carga emocional e misteriosa que a narrativa carrega. Cores quentes representam aquilo que os olhos já estão acostumados a observar e cores frias escondem o que a parte cética do indivíduo confronta. 

Reprodução: Internet

1-  Sem Rastros (Debra Granik, 2018)

Sem Rastros apresenta como protagonistas um pai e uma filha que optaram por viver em meio à natureza do Forest Park, uma floresta no interior de Portland, em Oregon. Reclusos da sociedade, ambos sobrevivem à base dos conhecimentos gerais que possuem, usando os elementos dispostos na floresta ao seu favor até que um encontro inesperado com as autoridades ameaça a continuidade do seu estilo de vida, quando a dupla passa a ser responsabilidade do serviço social.

Vencedor do Prêmio Golden Bicycle for Best Film no Together Again Program, a primeira metade do longa é focada na construção do relacionamento entre os protagonistas, os quais têm a rotina diária filmada de forma expositiva, tal qual um documentário. Já a segunda metade contrapõe as suas personalidades, visto que, enquanto o pai, por suportar traumas profundos associados à sua bagagem de vivência (algo que vai sendo trabalhado no enredo de modo sugestivo), se vê forçado a retornar à vida em sociedade, a filha mostra-se disposta a experimentar um novo estilo de vida, residindo em uma moradia fixa e convivendo com um número maior de pessoas. Tudo isso é desenvolvido a partir de um ritmo mais lento, dando enfoque às entrelinhas por trás das falas dos personagens, possibilitando que a história flua do modo mais natural possível, principalmente levando em conta a carga emocional que o filme carrega.

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