Quando precisamos de alguém para nos mostrar que não estamos sozinhos
Ninguém nasce para ficar sozinho, a vida por si só é uma experiência terrivelmente social, com todos os altos e baixos que qualquer evento social tem a proporcionar. Apesar disso, é verdade que às vezes queremos ficar sozinhos e se afastar de tudo, mas ainda assim, ninguém quer se sentir sozinho. O sentimento que vem com dor, angústia, a sensação que ninguém a sua volta é capaz de te compreender e pior, ninguém a sua volta quer sequer tentar te compreender. Se ninguém nasce para ficar sozinho, por que tantas vezes temos que nos sentir assim, tão sós?
E é aí que Lilo se encontra no começo de Lilo & Stitch, se sentindo completamente só. A garota é diferente das outras crianças da sua idade, sua forma de agir, seus brinquedos, seus passa tempos, tudo a torna mais distante das pessoas que ela tanto queria poder ser amiga, mas que não a querem por perto. A solidão é ainda maior por Lilo ser orfã e ainda por cima simbolicamente perder sua irmã, já que esta tem que segurar as pontas e na prática fazer o papel de mãe, mesmo quando lilo precisa mesmo é da irmã. Lilo precisa de um amigo.
Stitch também está sozinho, o que não parece tão ruim, já que tudo aponta que ele é o ser vivo mais próximo de ter nascido para ficar sozinho. Sendo um experimento, seu único propósito de criação é a destruição e sendo a única coisa que a criatura conhecia, ele não parecia estar realmente triste ou preocupado com isso, continuaria a tomar ações puramente com base em auto-preservação, sem maiores maiores riscos e destruindo tudo o que pudesse pelo caminho. Stitch não conhecia outro jeito e não parecia se preocupar em tentar.
O encontro entre Lilo e Stitch não parece exatamente premeditado e é até bonito que seja assim. A garota encontra no alien o mais próximo de um amigo que já teve em muito tempo. Já o experimento viu na menina uma forma de se proteger daqueles que estavam atrás dele, pelo menos era apenas isso no começo, mas o mundo nunca é tão simples assim. Tudo começa por conveniência, Stitch precisa se dar bem com a menina, precisa tentar, precisa se preocupar com a situação da família.

Assim, o pequeno ser que só se preocupava com si mesmo e com seu próprio cuidado agora tinha experimentado o que era não estar sozinho, o que era ter uma uma família, o que significava ser ohana, não ser esquecido ou abandonado. Aprende sobre tomar decisões, mesmo que ilógicas, mesmo que perigosas, apenas para que possa se estar junto de um outro alguém importante, para fazer com que esta pessoa fique feliz.
Ninguém nasce nesse mundo para ficar sozinho e o Stitch finalmente entende isso. Entende que viver é se arriscar por aqueles que você acredita que importam, entende o que nunca abandonar ou esquecer significa, sempre estar lá, mesmo quando tudo parece contrário a essa ideia.
A obra de repente nos mostra, que às vezes tudo que precisamos é que um alguém qualquer nos mostre que não estamos sozinhos, que somos capazes de fazer o extraordinário se alguém estiver ao nosso lado, que toda a auto preservação não vale a pena se no fim do dia você se sentir só.
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