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Redação Analisa | O conto de fadas do Live Action

Porque cada vez mais clássicos animados vêm virando filmes Live action?


Quando se entra em animações clássicas e as suas, cada vez mais frequentes, adaptações ao Live-Action, me parecem existir dois caminhos para explicar o por que isso está acontecendo. O primeiro, mais sem graça, sem cor, absolutamente honesto e simples: dá dinheiro. Todo mundo quer ver uma história que amava quando era pequeno com outros olhos, seja para admirar aquele sentimento de infância mais uma vez ou para falar o quanto aquela obra destruiu suas preciosas memórias de tempos melhores. O segundo caminho, mais caótico, fantasioso, e até mesmo conspiracionista: o mundo não parece gostar de animações, o mundo adulto pelo menos não gosta.

Às vezes parece que existe um grande tabu com a sua idade e o fato de você gostar de filmes animados. Quanto mais velho se é mais é escutado o temível “isso é coisa de criança” e então a constante pressão social te afasta cada vez mais do “gênero”, entre tantas e tantas aspas, já que apesar de ser vendido assim, animação não é gênero é apenas o meio.

Acontece que o mundo vende tanto que filmes animados são filmes infantis, sempre com tramas e lições parecidas que surge a ideia de animação ser um gênero, sobretudo infantil. Poderia gastar um bom tempo nesse texto exemplificando como essa é uma ideia equívoca e desmistificando o conceito de animações como gênero infantil, mas isso é assunto de um texto à parte, o importante é: as pessoas veem animações como algo infantil.

Ainda assim existe um carinho muito grande pelo público com muitas animações, seja por memória afetiva ou pelo filme ser genuinamente bom. Entretanto, existe essa pressão da sociedade para que não gostemos tanto assim de filmes animados, que devemos ir atrás de outros tipos de filme conforme envelhecemos e deixá-los apenas como lembranças de criança.

E é nesse contexto que surgem os live-actions. Maquiados como filmes mais maduros que as animações, apenas por não serem, bem, animados, mas ainda assim sendo uma história já conhecida, trazendo a segurança para a audiência que a história será no mínimo uma re-visita a infância, sem maiores surpresas ou qualquer pressão social exercida.

Com isso, podemos voltar ao primeiro caminho, esses live actions vendem, e muito. Os longas muitas vezes sequer se arriscam a mudar qualquer detalhe da história e nos proporcionam o mesmíssimo filme, uma adaptação que não se adapta a seu meio e desperdiça o potencial por segurança financeira.

No fim, acabamos com uma nova obra mais fraca que a original, sustentado apenas pela nostalgia, um pedido a fada madrinha distorcido e que não parece acabar tão cedo.

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