Você está visualizando atualmente A hipersexualização das personagens femininas nos filmes de ação
Reprdução: Internet

A hipersexualização das personagens femininas nos filmes de ação

Meros babilaques de cena, alívio romântico ou sedutora fatal. São os três estereótipos das mulheres nos filmes de ação.

Rica, inteligente, habilidosa e sensual. Essa é a personagem que Angelina Jolie interpreta no filme Tomb Raider (2001), que foi um filme de ação de muito sucesso protagonizado por uma mulher. O longa é derivado de um jogo de mesmo nome, onde Lara é uma jovem rica que sempre foi apaixonada por aventuras e arqueologia, mas a sociedade aristocrata a qual a família pertencia a impedia de sair em aventuras pelo mundo. Seu pai então a convence a ser uma arqueóloga contratada, mas ela acaba caindo no mundo após a morte do pai, em busca de artefatos. O que ninguém esperava é que ela fosse fazer toda essa jornada com shorts minúsculos, blusas decotadas e o cabelo intacto, tudo no meio da selva. Até mesmo na neve Lara aparece caracterizada com suas roupas sexys e apenas um sobretudo por cima, isso numa prisão russa a muitos graus celsius negativos.

A personagem de Lara não foi extremamente sexualizada apenas nos cinemas: desde o lançamento do primeiro jogo para console da personagem, em 1996, Lara já era uma personagem sensual, mas seu criador, Toby Gard acidentalmente aumentou os seios da personagem em 150%, e para sua surpresa, a equipe do jogo pediu que fosse deixado dessa forma. E assim continuou a história da personagem nos games e no cinema. Angelina Jolie estrelou dois filmes na pele da personagem, e teve que usar próteses nos seios, para que eles ficassem maiores e mais “próximos” aos da personagem. Nos games, Lara só deixou para trás os exageros anatômicos com foco em sua sexualização na edição de 2013 do game.

Lara Croft é apenas um dessas personagens. Kate Beckingsale protagonizou a série Anjos da Noite (2003-2016) e, mesmo coberta, as roupas de látex estava presentes e excessivamente coladas. A personagem de Milla Jovovich passa por algo parecido como protagonista na série Residente Evil (2002-2016) e o mesmo acontece com Aeon Flux, interpretada por Charlize Theron no filme homônimo em 2005. Acredito que não seja preciso citar as ”Bond Girls”, que acompanham o espião James Bond em cada um de seus filmes, de 1962 até 2015. Foram feitos 24 filmes do espião e nenhum abriu mão das belas modelos com roupas sensuais como seus babilaques de cena.

Majoritariamente dirigido por homens, esses filmes mostram a única e exclusiva visão misógina dos homens para com as mulheres, mesmo que inconscientemente essa sexualização seja causada por uma espécie de institucionalização do corpo feminino em detrimento da satisfação masculina. Quando as únicas mulheres nos filmes de ação estão o tempo todo exuberantes e com roupas sensuais, fica claro que aquilo não foi feito para representar o público feminino, mas sim para agradar o público masculino.

Ainda não acabaram os anos em que bastava colocar mulheres no seu estereótipo mais sexualizado nas telonas para encher as salas de cinema. Muitos ainda apoiam essa prática, mas grande parte já reparou que é preciso mais que isso para um filme ser bom, e que personagens femininas podem ser construídas e exploradas de forma muito melhor do que a clássica mulher fatal. Em 2016, foi lançado um remake de Tomb Raider e nele, a protagonista agora é interpretada por Alicia Vikander. Quando os fãs do game viram a escalação, muitos reclamaram sobre as características físicas da atriz não condizerem com a “realidade” de uma personagem de games, e até mesmo disseram que a personagem havia sido masculinizada. Até no cinema, quando uma mulher deixa de servir apenas ao imaginário masculino ela é hostilizada e jogada ao ostracismo.

Comentários