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Comédias românticas e o mundo que conspira

Sobre a crença universal de que tudo está conectado e quem deve se conhecer irá se conhecer e posteriormente se apaixonar

Acho que não tenho um gênero de filme favorito, viajo entre gêneros com fluidez sendo captado mais pela sinopse do que pela categoria do filme. Só que tem algo nas comédias românticas que sempre fez com que elas se tornassem meus filmes de conforto.

Não digo aqueles épicos de romance, vibes Amor Sublime Amor (1961), mas aquelas histórias “baratas” que se passam em vésperas dos anos 2000 com protagonistas correndo para lá e para cá, no ritmo Nova York. São tramas que só dependem de um grande fator que conspira a todo momento… O UNIVERSO! Mas especificamente o ideal romântico somado à crença universal de que tudo está conectado e quem deve se conhecer irá se conhecer e se apaixonar.

Reprodução: Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022)

Acho que o maior exemplo disso é a clássica cena do tropeço no meio da rua, na vida real você de duas uma, ou você se estrebucha no chão ou retoma o equilíbrio por si só, volta a andar como se nada tivesse acontecido e torce muito para ninguém notar a quase queda. Apesar de que se você olhar pro outro lado da rua vai notar uma criança rindo sozinha da sua cara.

No mundo dos romances isso nunca aconteceria, se você tropeçar a sua alma gêmea vai te segurar pelo braço e te reerguer, e mesmo que vocês nunca tenham se trombado anteriormente vai haver um clima e uma troca de olhares longa demais.

Tenho passado por uma fase em que comédias românticas são minhas escolhas óbvias para o tempo livre, mesmo as ruins servem para distração quando se desliga o senso crítico e não se procura qualquer coisa para além de duas pessoas se apaixonando. 

Além de que sempre é interessante ver as conspirações do universo para que um casal fique junto. Recentemente vi Just Like Heaven (2005), um romance bem água com açúcar protagonizado pelo Mark Ruffalo junto com o espírito da Reese Witherspoon, na trama um viúvo se muda para um apartamento em São Francisco e conhece o fantasma da dona anterior. Bem simples, nada de mais que valha destacar quanto a história. Só que nesse romance o universo conspirou para o lado sobrenatural da coisa e decidiu que aquele casal deveria estar junto, mesmo que uma das partes estivesse do outro lado da vida.

Reprodução: E se fosse verdade (2005)

É engraçado como isso acontece, um anúncio que estava colado a tempos num quadro de avisos e levado por uma forte corrente de vento e gruda na cara do viúvo. Uma santa interferência e no melhor momento possível já que ele estava procurando um novo lugar para morar, a maior das “coincidências”.

Esse poder divino que quer que todos os casais se juntem também recebe o nome em nosso mundo de roteirista, o responsável por criar maneiras críveis para que duas pessoas se aproximem. Quando ele faz seu trabalho bem, não percebemos como deus ex-machina as coincidências que ocorrem, afinal é apenas o universo e suas conspirações. Afinal cremos (mesmo sem quando não admitimos) que tudo se conecta, que tudo tem uma razão para acontecer, e que as consequências que se desenrolam vão acarretar em algo positivo no final. 

O felizes para sempre sempre foi o produto mais vendido da história, pois é a crença mais confortável de se ter. Acho que é por isso que assisto tantas comédias românticas, o final feliz é inevitável nesse universo.

Reprodução: When Harry Met Sally… (1989)

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